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Como a arte e a arquitetura gregas moldaram a noção de belo no Ocidente

Texto: Agência Fronteira | Edição de Arte: Juliana Vidigal | Design: Andy Faria | Ilustrações: Caco Neves

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om seus prédios imponentes, a Grécia ditou a ordem arquitetônica do mundo ocidental. Os helenos introduziram conceitos como a simplicidade, a proporção, a perspectiva e a harmonia, que influenciaram os arquitetos do mundo romano – um estilo conhecido hoje apenas como “clássico”. Os prédios públicos eram feitos primeiro de madeira, depois mármore e pedra para resistir ao tempo e a ataques. A marca registrada eram as colunas gigantescas com frisos, que expressavam as três ordens arquitetônicas da época: dórica, jônica e coríntia – nomeadas assim depois da dominação romana.

Conceitos eternos

Ao entrar em um templo, você pode perceber o melhor da arquitetura grega. Para os helenos, arte é técnica – e vice-versa. Isso significa dizer que não se trata de dar asas à imaginação, mas seguir regras; no caso, usar a engenharia, cálculos e proporções matemáticas para alcançar simetria e proporção. Um edifício ou templo só se torna arte quando tem simetria. Não é à toa que Nikolaus Pevsner, autor de Panorama da Arquitetura Ocidental, afirmou que “o templo grego é o exemplo mais perfeito já alcançado de uma arquitetura que se realiza na beleza plástica.”

AS COLUNAS

DÓRICO

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Desenvolvido desde o século 7 a.C. na região do Peloponeso, é o estilo mais antigo. A coluna, grossa e sem base, lembra as arcaicas construções de madeira e denota a rigidez espartana. A estrutura é composta por blocos cilíndricos e o capitel (extremidade superior) tem pouca decoração.

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JÔNICO

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É baseado na arquitetura dórica, mas com traços leves de herança persa e mesopotâmica. Templos como o de Ártemis, em Éfeso, seguiram o modelo jônico. O capitel tem forma de espiral, como se fossem cachos, e a coluna é fina e afunilada.

CORÍNTIO

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Dos estilos gregos, foi o mais rebuscado e raro. A ordem coríntia surgiu só no século 5 a.C., como variação da arquitetura jônica. O capitel tem detalhes em forma de flores e folhas dobradas, que serviram de inspiração para os arquitetos romanos. A coluna é reta, sem afunilamento.

Ruínas Imperdíveis

PATERNON

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No alto da Acrópole ateniense desde 5 a.C., o templo foi construído para homenagear a deusa que dá nome à cidade. O monumental edifício sobreviveu à dominação do Império Bizantino – que o transformou em igreja no século 5 – e à iconoclastia turca em 1456. O maior ataque foi o dos venezianos, que destruíram parte dele com balas de canhão. Desde os anos 1970, o governo grego vem restaurando o templo.

ERECTEION

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De frente para o Partenon, o último monumento da Acrópole foi construído entre 421 e 405 a.C. O templo homenageia os deuses Atena e Poseidon em sua mítica disputa pela região da Ática. Erecteion deriva do nome Erictônio, filho de Hefesto e lendário rei de Atenas. As figuras femininas que decoram a fachada, conhecidas como cariátides, são réplicas de pedra artificial. As originais estão no Museu da Acrópole.

TEATRO DE EPIDAURO

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Situado na antiga cidade de Epidauro, às margens do Mar Egeu, o teatro local é dos um maiores da Antiguidade. Construída no século 4 a.C., a arquibancada de pedra tem espaço para 12.300 espectadores. Entre 395 e 551, o local foi destruído pelos godos, fechado pelos romanos e assolado por dois terremotos. O teatro foi redescoberto por arqueólogos em 1881, e, desde então, recebe apresentações artísticas.

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TEMPLO DE ATENA PRONAIA

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Situado nas ruínas de Delfos, é uma reunião de edifícios construídos entre os século 7 e 4 a.C., em homenagem a Atena. Foi provavelmente o primeiro edifício a ser erguido na ordem dórica, com colunas dispostas em círculos. O primeiro tinha 12 colunas; o segundo, 18; e o terceiro, seis. Até 1905, 15 colunas do segundo templo ainda permaneciam de pé, mas foram derrubadas pela queda de uma pedra.

Cerâmica

Para os gregos de 2,5 mil anos atrás, os vasos eram artigos de primeira necessidade. Serviam para armazenar cereais, gordura e água. A argila era encontrada por toda a Grécia – em algumas regiões, devido ao alto teor de ferro, tinha cor avermelhada. Apesar de não serem mercadorias requintadas, eram ricamente decorados. Acredita-se que as pinturas serviam para diferenciar seu uso, com figuras humanas e geométricas.

Uma das mais comuns era feita com uma tinta preta à base de uma mistura de soda, argila com silício e óxido ferroso, afixada à peça com urina ou vinagre. Hoje, os vasos são peças empoeiradas nos museus mais famosos do mundo. Mas sua importância foi vital: graças à cerâmica encontrada nas cidades gregas, historiadores e arqueólogos puderam desvendar hábitos dos seus antigos habitantes e documentar a evolução social da Grécia Antiga. Feitos de argila, um material perene, eles resistiram à destruição, às adversidades do clima e aos caçadores de tesouros, que não viam valor nas peças e as deixavam para trás.

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<strong>Os vasos e esculturas revelaram muito do que se sabe sobre a cultura antiga do Mar Egeu.</strong>
Os vasos e esculturas revelaram muito do que se sabe sobre a cultura antiga do Mar Egeu. (Caco Neves/Superinteressante)

Escultura

As hoje magistrais esculturas brancas gregas eram, na verdade, coloridas. É o que comprovam os estudos feitos com a utilização de luz ultravioleta. Eles revelam que muitas estátuas eram originalmente pintadas em cores vivas de ouro, vermelho, azul e amarelo. A escultura foi uma das mais importantes manifestações artísticas do mundo grego e serviu de inspiração para grandes artistas como Michelangelo, séculos depois. As estátuas ficaram famosas por representarem a beleza física, a partir da imagem fiel do corpo humano.

Os gregos se preocupavam com volume, simetria, perspectiva, proporcionalidade e movimento. E utilizavam mármore, bronze e madeira para esculpir. O bronze permitia expressar melhor os movimentos, pois o mármore quebrava facilmente quando partes do corpo não estavam apoiadas. Assim, as obras de bronze eram bem comuns. Um dos melhores exemplos que resistiu ao tempo foi o Bronze de Artemísio (veja a imagem acima), uma representação de Zeus ou Poseidon, de 460 a.C., hoje no Museu Arqueológico Nacional de Atenas.

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