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Poseidon – Deus do mar

O senhor dos oceanos tem inveja de seu irmão mais poderoso. O único lugar onde consegue ser tão venerado quanto Zeus, a mítica Atlântida, é castigado pela audácia de seus habitantes: a ilha acaba engolida por um tsunâmi de proporções olímpicas.

Texto: Maurício Horta | Edição de Arte: Estúdio Nono | Design: Andy Faria |
Imagens: Adobe Stock e Getty Images

NOME ROMANO – NETUNO • DIVINDADE – DEUS DO MAR

Ao vencerem seu pai, Cronos, na guerra dos titãs, Zeus fica com o céu, Hades, com o Tártaro, e Poseidon, com o Mar Mediterrâneo. Nessa partilha, Poseidon torna-se igual a Zeus em dignidade, ainda que não em poder. E, por isso, terá sempre inveja do irmão. Assim que ganha a soberania das águas salgadas, o deus constrói um esplêndido palácio submarino, em cujos estábulos guarda seus cavalos e sua charrete dourada. Com seu tridente, tem o poder de abalar rochedos, desencadear terremotos, tempestades e secas. Para completar, arranja uma esposa para compartilhar o reinado do mar.

Primeiro, Poseidon aproxima-se da titânide Tétis, que já deu à luz 3 mil rios e 3 mil ninfas com o titã Oceano. Mas logo o deus dos mares muda de ideia. Uma profecia de Têmis (deusa-guardiã dos juramentos dos homens) diz que qualquer filho nascido dela será maior que seu pai. O deus avança, então, para o lado da ninfa marinha Anfitrite, que, para fazer charme, imediatamente foge para o Monte Atlas. Poseidon envia até lá alguns mensageiros, e um deles, chamado Delfim, o golfinho, consegue convencê-la. Grato, Poseidon transforma seu arauto em uma constelação. Anfitrite torna-se rainha do mar e dá ao esposo três filhos.

Mas, para Poseidon, não basta ter o domínio sobre o mar e uma bela esposa. Ele precisa competir com Zeus também na quantidade de amantes. Deita-se com Afrodite, com Medusa e com tantas mulheres mortais que não seria possível listá-las.

Ainda insatisfeito, Poseidon quer lugares em terra firme onde seja cultuado pelos mortais. Disputa com Atena (a deusa da guerra e da sabedoria – saiba mais sobre ela no próximo capítulo deste dossiê) pela proteção das cidades de Atenas e de Trezena – uma fica com Atena, a outra é compartilhada entre os dois. Depois, compete com Zeus por Egina, com Dionísio por Naxos, com Hélio por Coríntio e com Apolo por Delfos.

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Frustrado por não ter sucesso em nenhuma das empreitadas, castiga cada uma das cidades com enchentes. Numa última investida, tenta roubar a cidade de Árgolis, pertencente a Hera, rainha do Olimpo, mas novamente perde. Dessa vez, porém, a assembleia dos deuses olímpicos reúne os três deuses-rios que cortam Árgolis e, julgando a favor de Hera, resolvem impedir que Poseidon se vingue com enchentes. Irritado, o deus das águas decide então fazer o oposto: condena os três rios à seca em todos os verões.

<strong>Capaz de destruir populações inteiras com enchentes e secas, Poseidon é representado com um tridente.</strong>
Capaz de destruir populações inteiras com enchentes e secas, Poseidon é representado com um tridente. (ZU_09/Getty Images)

Se não tem a sorte de possuir uma cidade continental para cultuá-lo, Poseidon tem no mar o lugar mais próspero da Terra: Atlântida, localizada além das Colunas de Hércules, que hoje é o Estreito de Gibraltar. Lá ficam os solos mais férteis, as flores mais cheirosas e as reservas de metais mais abundantes da Terra.

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Único lugar onde Poseidon é venerado à altura dos outros olímpicos, Atlântida torna-se um opulento império. Até que a soberba de seus habitantes faz com que o reino seja destruído pelo mar.

A LENDA DE ATLÂNTIDA

Terá existido mesmo a exuberante civilização de Atlântida? A primeira referência sobre o lugar aparece em dois célebres diálogos de Platão, e muitos místicos gostam de acreditar que o filósofo ateniense tenha falado a verdade. Mas não há evidências de que a ilha fantástica tenha de fato existido.

Poseidon zela pela civilização que ali começava a florescer e se encanta por uma jovem maravilhosa, chamada Cleito. Com ela, o deus tem dez filhos, todos homens. Aliás, são cinco pares de gêmeos. Atlas, o primogênito, recebe a soberania sobre os demais irmãos e sobre as águas circundantes. É em sua homenagem que chamamos o segundo maior oceano em extensão do planeta de Atlântico.

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A terra do império também é muito rica em recursos naturais. Lá se encontram em abundância ouro e prata. Um canal é construído ligando o interior da ilha ao mar, e Atlântida se torna a maior potência naval de que se ouviu falar no mundo antigo.

Mas o sucesso acaba com a humildade de seus habitantes. De comerciantes marítimos, eles passam a conquistadores. Invadem a região para além do Estreito de Gibraltar e dominam partes da África e da Europa. Escravizam povos nativos e avançam em seu expansionismo. Até que têm a má ideia de ameaçar a Grécia.

Zeus não tolera a agressão à região onde vivem as pessoas que mais preservam a adoração aos deuses. Decide que o fim de Atlântida e seus habitantes está próximo. A gota d’água é a tentativa de conquistar Atenas. Os atenienses lutam bravamente, repelem os invasores e, de quebra, liberam os povos conquistados.

Eis então que os deuses entram em ação. Um violento terremoto faz com que Atlântida sucumba ao poder do oceano. Em questão de um dia, a ilha e todos os seus habitantes afundam no silêncio do mar, sem deixar vestígios de sua gloriosa civilização.

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