Para os cabalistas, não há lugar mais especial do que Safed, em Israel. Foi ali que um grupo de sábios decidiu se estabelecer no século 16, após a expulsão dos judeus da Espanha durante a Inquisição.
Texto: Cláudia Proushan | Edição de Arte: Alessandra Kalko | Design: Andy Faria
Hoje, a cabala é celebrada em festas e rituais que lembram os mestres do misticismo judaico.
A história da cabala está presente em cada canto.
A história da cabala está presente nas sinagogas, nas ruas e nas festas da região. Para quem chega à cidade, a primeira surpresa é descobrir que ela tem vários nomes: Safed, Zefat e Tzfat são apenas alguns deles. A segunda é perceber que, num lugar tão pequeno, convivem lado a lado cristãos, árabes, muçulmanos e judeus.
Em Safed, uma das 4 cidades sagradas de Israel (as outras são Jerusalém, Hebron e Tibérias), você respira história: cada pedra no caminho conta a trajetória dos sábios judeus que se refugiaram na cidade no século 16, transformando-a na capital mundial da cabala.
Um programa obrigatório é ir até o Cemitério de Sefat e visitar o túmulo de Isaac Luria, o mestre cabalista que renovou o misticismo judeu. Também é fundamental conhecer as duas sinagogas dedicadas a Luria: Ari Ashkenazi, no centro velho, e Sepharadic, ao lado do cemitério.
Por fim, vale a pena subir o monte Meron, onde foi enterrado o rabino Shimon bar Yochai, sábio do século 2 a quem é atribuída a autoria do Zohar, obra mais importante da cabala. Lá acontece uma vez por ano, em maio, a festa de Lag Baomer: milhares de pessoas cantam e dançam para celebrar o aniversário da morte do mestre.
Beleza e tradição
Jovens cabalistas, ateliês e galerias de arte conferem um clima vibrante à cidade.
Engana-se quem acha que apenas os mais velhos dedicam seu tempo aos antigos ensinamentos da cabala. Andando pelas ruas de Safed, você encontra desde homens vestidos com paletós pretos compridos e barbas enormes até grupos de jovens vestidos com túnicas brancas – estes últimos são os seguidores do rabino Nachman de Breslev (1772-1810), bisneto de Baal Shem Tov, fundador do hassidismo – variante ortodoxa do judaísmo que ensina uma versão simplificada da cabala. Alegres e festivos, esses jovens complementam a meditação e as longas horas de estudo com celebrações regadas a canto e dança.
Quem quer mergulhar ainda mais na cultura da cabala deve circular pelas vielas de paredes brancas, onde estão instaladas dezenas de galerias de arte e ateliês – um dos mais bacanas é o do artista plástico David Friedman, que tem lindas aquarelas com motivos cabalísticos.
Também vale a pena dar uma garimpada nas lojinhas, que vendem desde Árvores da Vida coloridas até joias com letras hebraicas. Para mais informações turísticas sobre a cidade, vale a pena consultar o site safed.co.il.
Este texto faz parte de um dossiê sobre a cabala publicado em 2010, que você pode conferir aqui.