A força da fé
A procissão do Círio de Nazaré, em Belém do Pará, é uma das expressões máximas do folclore religioso brasileiro.
Rafael Kenski
Santo sumiços
No ano de 1700, uma imagem de Nossa Senhora de Nazaré do Desterro foi encontrada na floresta, perto de Belém do Pará. Dali ela foi levada para a catedral da cidade, de onde sumiu três vezes – para, em todas elas, reaparecer no mesmo ponto da mata em que fora achada. Nesse local, construiu-se, então, uma basílica para abrigar a imagem da santa. A legião de fiéis que se dirigiam periodicamente para lá deu origem ao Círio de Nazaré
Devoção espremida
O Círio de Nazaré acontece no segundo fim de semana de outubro. Nos dias que o antecedem, a estátua de Nossa Senhora desfila de carro e barco pelas cidades próximas, com honras de chefe de Estado. Mas o grande momento começa às 6 horas da tarde do sábado, quando a multidão se aperta para acompanhar a santa por 5 quilômetros até a catedral de Belém, de onde se retorna na manhã do dia seguinte. Muitos fiéis fazem o longo percurso descalços ou de joelhos
Fiapo milagroso
A corda usada para puxar o carro que leva a santa é um dos elementos mais tradicionais da procissão. Segurá-la é, para os fiéis, uma garantia de receber a bênção e pagar promessas – tanto que, no final, a corda solta é disputada por milhares
Emoção e empurrão
A emoção aflora no rosto dos fiéis. No ano passado, 1,7 milhão de pessoas vindas de todo o Brasil participaram do Círio. Tamanha é a multidão que só é possível dar início à procissão com a ajuda da polícia
O sagrado e o mundano
Muitos participantes trazem consigo figuras que representam o pedido que vêm fazer à santa – como miniaturas de casas, sacolas e até mesmo tijolos. A procissão termina quando a figura de Nossa Senhora retorna à basílica. Os romeiros dedicam-se, então, a atividades mais prosaicas, como beber, almoçar, encontrar os amigos ou divertir-se no parque montado ao lado da igreja