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A sacerdotisa minoana

Os minoanos não tinham exército e todos os seus deuses eram mulheres.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h25 - Publicado em 30 abr 2003, 22h00

Giba Stam

Por 3 600 anos, essa jovem bonita de vinte e poucos anos foi uma desconhecida para a história. Para sair do anonimato, ela teve de esperar seus ossos serem desenterrados na ilha de Creta, na Grécia. Mas, quando entrou em cena, se tornou protagonista de uma das maiores descobertas arqueológicas de todos os tempos e acabou revolucionando o que se sabia sobre a avançada civilização minoana, que durou de 2600 a.C. a 1000 a.C. Jamais saberemos como foi sua vida ou mesmo qual era seu nome, mas isso não importa muito. Sua fama se deve às circunstâncias extraordinárias de sua morte.

A sacerdotisa morreu durante uma cerimônia, quando o templo onde estava foi derrubado por um terremoto. Ela foi esmagada ao lado de um homem, encontrado com as mãos para cima, numa tentativa de se proteger. Ambos estavam em frente a um altar, usado pelos minoanos para sacrificar touros. Outra pessoa foi encontrada no corredor, por onde carregava um vaso pintado com a figura de um touro, usado para oferecer aos deuses o sangue de animais sacrificados. O vaso deveria ser deixado na sala do fim do corredor. Não deu tempo. Antes de chegar lá, ele também foi atingido, deixando o vaso se espatifar e o sangue se misturar ao dele no chão. Em seguida, o templo foi tomado pelo fogo e coberto de cinzas.

Logo que o casal de arqueólogos gregos Yannis e Efi Sakellarakis começaram a escavar as ruínas do templo, em 1979, ficou claro que a cerimônia havia começado com os primeiros sinais do terremoto. O sacrifício animal era comum entre os minoanos para acalmar os deuses. Por isso, quando desenterraram os ossos que estavam sobre o altar, em frente à sacerdotisa, todos pensaram que encontrariam os restos de um touro. Surpresa. Era uma quarta ossada humana. A vítima era um jovem de 18 anos e 1,60 de altura. Ao seu lado estava uma faca de bronze de 40 centímetros, ainda afiada.

Até então, todos consideravam os minoanos um povo pacífico. Ao contrário dos gregos, pelos quais foram dominados, eles não tinham exército, preferindo gastar o tempo com pinturas, esculturas e joalheria sofisticada. Construíram cidades que tinham até sistema de esgoto e adoravam apenas deusas – não havia nenhuma divindade masculina. Suas mulheres andavam de peitos de fora.

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Os minoanos foram eternizados pela mitologia grega com a lenda do Minotauro, pela qual o rei Minos atirou a um monstro com cabeça de touro sete rapazes e sete moças virgens de Atenas. Até essa descoberta arqueológica, os historiadores achavam que a história do Minotauro era pura ficção e que não havia sacrifícios humanos na ilha.

Graças às técnicas atuais de reconstituição facial, sabemos hoje como era a sacerdotisa. Dona de belas feições, ela tinha entre 20 e 25 anos quando morreu. Provavelmente vestia vestidos longos e coloridos, passava ruge no rosto, usava brincos, colares, braceletes e tornozeleiras. Tudo indica que teve um papel religioso importante e que, como outras mulheres minoanas, participou ativamente da vida social de Creta. Para compensar o azar de ser atingida por um desabamento, teve a sorte de habitar uma ilha idílica, cercada por águas cristalinas, repleta de palácios e de manifestações artísticas sofisticadas.

Mas ela também teve suas dificuldades. Apesar de ser jovem, tinha osteoporose e anemia, o que tornava sua pele mais clara e fazia com que ficasse cansada facilmente. E, nos dentes, acumulou uma grande quantidade de tártaro, o que a deixava com mau hálito. Ninguém é perfeito.

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