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Antonio: santo de casa

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h32 - Publicado em 31 Maio 1996, 22h00

Fernando Valeika de Barros, de Lisboa

Ele reina nas fogueiras e simpatias de junho. É tão popular que os devotos , na maior intimidade, ousam até castigá-lo quando não são atendidos. Poucas figuras do catolicismo influenciaram tanto a cultura portuguesa e brasileira quanto Santo Antonio.

Ele admitiria qualquer brincadeira. Ao menos, é a imagem que os portugueses criaram do frade Antonio que, na verdade, era bem soturno. Ele pregou em pleno século XIII, quando o catolicismo se consolidava em Portugal. O país tinha, então, uma tremenda influência dos romanos, que ocuparam a capital portuguesa até o século III. Assim, os cultos às divindidades de Roma foram incorporados pela nova religão católica. Antonio, por ter nascido perto do templo de Mercúrio, o deus pagão da alegria, em Lisboa, levou sem querer a mesma fama. E não só essa (veja ao lado). Aliás, Antonio nasceu Fernando, da família nobre Martins, em 1189. Ordenou-se padre em 1218, mas só trocou de assinatura dois anos mais tarde, para simbolizar a mudança de vida, quando aderiu à ordem dos franciscanos. Foi um excelente pregador e tornou-se tão conhecido que, menos de um ano depois de sua morte aos 42 anos, em Pádua, Itália, já tinha virado santo. Foi o processo de canonização mais rápido da história da Igreja. Desde então, o aniversário de sua morte, 13 de junho, é o seu dia. Dia de festa.

Já de castigo!

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Roubar Jesus da imagem ou pendurá-la de cabeça para baixo tem a ver, mais uma vez, com Mercúrio. Era o deus romano que ia para o castigo, enquanto não atendia aos pedidos alheios. Santo Antonio, porém, tem fama de milagreiro desde que, durante um sermão, teve uma premonição e saiu correndo. Seu pai havia sido condenado à forca por assassinato. Na hora agá da execução, Antonio chegou para provar a inocência paterna. Daí a expressão “tirar o pai da forca “.

Banqueteiro

Em junho, celebrava-se a colheita do trigo desde os tempos dos romanos. Antonio, por sua vez, era franciscano e fez voto de pobreza. Diz a lenda, ele costumava distribuir pão aos pobres. Juntando as duas coisas, os católicos criaram a tradição de, no dia do santo, fazer pães para serem guardados o ano inteiro. Eles não emboloravam porque não continham fermento. Na receita tradicional, os ingredientes são, apenas, 1 quilo de farinha de trigo e 750 mililitros de água. E só misturar, deixar a massa descansando por 1 hora e assá-la em forma de bolas. Hoje os devotos levam qualquer pão para benzer nas igrejas, no dia 13 de junho.

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Festeiro

Em Portugal, o dia 13 de junho é comemorado nas ruas enfeitadas de bandeirolas, com desfiles de gente mascarada, dançando ritmos mouriscos ou africanos. Os brasileiros adotaram a tradição da quadrilha.

Soldado

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No século XVII, o rei português Dom João IV lutava contra os espanhóis. Em um golpe de marketing, aproveitou a popularidade do santo, inscrevendo-o no exército. No final da carreira militar, ele era tenente-coronel e o Brasil herdou a tradição. Aqui, o santo também “pertence” às nossas Forças Armadas.

Porteiro

Como a antiga residência de sua família era próxima à Porta de Ferro de Lisboa, Antonio ganhou o status de guardião das portas. Como bom protetor, é comum ele aparecer em azulejos, na fachada das casas portuguesas. Esse culto cresceu depois do terremoto de 1755, que arrasou a capital do país.

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Casamenteiro

A fama de ajudar as solteironas surgiu porque a igreja em que ele foi pároco em Lisboa (a atual Igreja de Santo Antonio) ficava próxima ao templo de Janos, o deus romano da fertilidade. Aos poucos, os adoradores da divindade pagã passaram a trocá-la por seu vizinho, o frade Antonio. Além disso, as festas juninas, durante as quais se celebra o dia do santo, coincidem com a época dos rituais pagãos da fecundidade.

Versão italiana

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Enquanto em Portugal ele é o Santo Antonio de Lisboa, na Itália ficou conhecido como o Santo Antonio de Pádua. Não se sabe como o frade foi parar na cidade italiana, em 1222. A teoria mais aceita é a de um naufrágio, quando o religioso tentava chegar ao Marrocos para pregar entre os mouros. Os italianos cultuam o santo de um jeito mais respeitoso, recordando a figura de um orador sério, que se tornaria professor na Universidade de Bolonha.

PARA SABER MAIS

EXPOSIÇÃO: Santo António – O Santo do Menino Jesus, no Museu de Arte de São Paulo (Masp), até o dia 16 deste mês.

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