As novas minorias
Já foi atingido por um raio? Não se dá bem com héteros nem com gays? Prefere ficar apertado do que entrar num banheiro público? Seus problemas acabaram.
Marcelo Bortoloti
Banheirofóbicos
Cerca de 7% da população mundial, entre homens e mulheres, fica inibida na hora de fazer xixi em banheiros públicos. É a chamada parurese, ou “bexiga acanhada” na linguagem popular. Trata-se de um distúrbio relacionado à ansiedade diante de outras pessoas. A IPA – International Paruresis Association (Associação Internacional de Parurese) reúne gente que sofre disso. Seus membros lutam para construir um mundo cheio de toaletes privativas e espaçosas, onde ninguém tenha que se espremer entre outros marmanjos para fazer seu xixi. Nos seminários, os integrantes compartilham técnicas para sobreviver a vestiários.
Assexuados
A Aven – Asexual Visibility and Education Network (Rede de Visibilidade e Educação Assexual) conta com mais de 5 mil membros no mundo todo. Nada de mais, não fosse a forma como eles se denominam: assexuados. A idéia do grupo é provar que a apatia em relação ao sexo não é uma doença, mas, sim, uma orientação sexual como qualquer outra. O grupo produz camisetas e adesivos do orgulho assexuado, e convoca assexuados enrustidos a sair do armário. Para desmitificar o tema, o grupo elaborou um hall da fama com figurões que foram (dizem) avessos ao sexo, como Franz Kafka, Chopin, Isaac Newton e Santos-Dumont.
Chamuscados
Quem tomou um raio na cabeça e ficou se achando o ser mais azarado do mundo por causa disso agora tem a quem recorrer. A Lightning Strike Survivors International (Associação Internacional de Sobreviventes de Raios) promove encontros entre quem sofreu esse tipo de acidente, além de congressos e seminários em que os chamuscados contam suas experiências. Os coordenadores produziram uma extensa bibliografia com livros educativos como Live After Shock (“Vida depois do Choque”) ou Sexual Dysfunction Following Injury (“Disfunção Sexual após Ferimento”). Os pára-raios humanos também podem comprar bonés e camisetas que ajudam a financiar a causa.
DNA capenga
Os avanços da medicina e o mapeamento do genoma humano podem fazer com que algumas pessoas sejam discriminadas pelo que estiver escrito em seu DNA. Planos de saúde e empresas não teriam dificuldade para rejeitar indivíduos cujo código genético aponte para o surgimento de doenças graves no futuro. Mais: isso pode fazer com que você fuja de eventuais testes importantes para a saúde por medo do que os outros acabem descobrindo. É o que temem alguns cientistas, como os do Genetic Discrimination Project (Projeto Discriminação Genética), criado na Austrália e que estuda formas de coibir esse novo tipo de preconceito.