Foi a Bíblia que estigmatizou o bicho como vítima inocente.
No Levítico, um dos livros do Antigo Testamento, está escrito que o Senhor disse a Moisés que Aarão – seu irmão mais velho – deveria sacrificar um bode e oferecê-lo a Deus. Com isso expiaria os seus pecados e os de todo o povo de Israel. Desde então, cumprindo o mandamento divino, matar um bode para se livrar dos pecados virou um hábito religioso.
“Os judeus pararam de fazer essa cerimônia há muito tempo, mas a imagem do bode expiatório perdurou como uma espécie de culpado inocente, aquele responsável pela culpa dos outros””, diz o linguista Dino Pretti, da Universidade de São Paulo.
Como a origem é muito antiga, a expressão não existe só em português, tendo equivalentes em várias outras línguas. Os italianos dizem capro spiatorio; os franceses, bouc émissaire; os ingleses, scapegoat; e os alemães, sündenbock.
Coitado do bode, que não tem nada a ver com isso.