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A maior bomba nuclear da história

A bomba explodiu no atol de Bikini com resultados inesperados: prevista para ter 6 megatons, a explosão chegou a 15

Por Barbara Axt
Atualizado em 12 nov 2016, 18h27 - Publicado em 30 set 2004, 22h00

Em 1954, os Estados Unidos detonaram sua maior bomba nuclear em terra, mil vezes mais potente que a de Hiroshima. A Operação Castelo, como foi chamada essa série de testes, ocorreu nas ilhas Marshall, no Pacífico Sul, e revelou-se desastrosa.

A Bravo (esse era o nome da bomba) explodiu no atol de Bikini com resultados inesperados: prevista para ter 6 megatons, a explosão chegou a 15 megatons (15 milhões de toneladas de dinamite).

Abrir uma cratera de 2 quilômetros de diâmetro foi o mais inofensivo dos efeitos da bomba. A radiação gerada pela Bravo espalhou-se por uma área de 8 mil quilômetros quadrados, atingindo nativos, militares e pescadores.

Já as consequências a longo prazo são mais difíceis de serem aferidas. Bikini já havia sido evacuado anos antes, mas as populações de Rondogelap, Rongerik e Ailinginae ficaram expostas à radiação por dias antes de serem retiradas.

96 horas depois, moradores que estavam a até 500 km do local da detonação acusavam níveis de contaminação radioativa entre 14 e 3300 R (roentgens). Para ter uma ideia, exposições a doses de 5 a 20 R são suficientes para causar, a longo prazo, câncer e mutações no material genético

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Eldon Note, prefeito do atol de Bikini, conta que um terço dos habitantes de Rondogelap teve de extrair a tireóide. “Também há casos de leucemia, câncer e bebês com malformação”, lembra.

Para os veteranos, a lembrança não é menos dolorosa. Bob Hillard estava a 11 quilômetros da explosão e conta que perdeu parte da audição e convive com graves seqüelas. ‘‘Tive de retirar todos os dentes, pois ele ficaram tão fracos que se quebravam facilmente.’’ Além disso, Bob já passou por duas cirurgias cardíacas e sofre com uma obstrução crônica do pulmão que o obriga a viver ligado a uma máquina de oxigênio.

O governo dos Estados Unidos diz que prosseguir com a operação foi um acidente causado por informes meteorológicos incorretos. Anos depois, relatórios mostraram que, mesmo sabendo na véspera que o vento mudaria, os militares seguiram em frente ainda que a radiação pudesse atingir ilhas habitadas.

Como foi a operação castelo

Bomba: Bravo
Tipo: hidrogênio
Potência: 15 megatons
Detonação: 10 de março de 1954, no atol de Bikini (ilhas Marshall, Pacífico Sul). Explodiu sobre a ilha artificial Charlie, destruindo-a por completo
Consequências: 28 militares americanos, 23 tripulantes do pesqueiro japonês Dragão da Sorte e 239 nativos das ilhas Marshall contaminados
Curiosidade: foi a maior detonação nuclear feita pelos EUA

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Outras megabombas

Tsar: maior bomba nuclear já detonada, foi testada pelos soviéticos em 30 de outubro de 1961 na ilha de Novaya Zemlya, Rússia. Planejada para ter 100 megatons de potência, explodiu com metade disso. Ainda assim, destruiu casas e causou queimaduras em moradores num raio de 100 quilômetros

Little Boy: com 12 quilotons, foi lançada pelos Estados Unidos sobre Hiroshima em 6 de agosto de 1945 matando 80 mil civis imediatamente. Outros 60 mil morreriam em consequência da radiação nos quatro meses seguintes. Foi a estréia de um artefato nuclear em guerras

Consequências inesperadas

1) Godzilla
Vítima de mutações causadas pela radiação desencadeada pela explosão nas ilhas Marshall, o personagem foi dar o ar da graça no Japão em 1954

2) Bolinha Amarelinha
Em 1946, o francês Louis Réard decidiu transformar o tradicional maiô em um duas peças bem pequenininho. Prevendo reações exaltadas, batizou sua criação com o nome daquele atol no Pacífico, onde os americanos estavam testando suas bombas atômicas

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