Cidades e cidadãos
800 a.C. - 550 a.C.<br>Após décadas de estagnação econômica e política, os gregos começaram a forjar um modelo de participação do homem comum no governo de sua comunidade
Texto Reinaldo José Lopes
A Grécia precisou de séculos para se recuperar da catástrofe que destruiu a civilização micênica, no fim da Idade do Bronze. E, mesmo depois de recuperada, nunca mais foi a mesma. A sociedade que ressurgiu naquele território nada tinha a ver com o que existia antes. Organizados em comunidades independentes (as pôleis, do singular polis, ou cidades-Estado), os gregos foram lentamente desenvolvendo formas de governo em que não havia reis ou sacerdotes de poder inquestionável. Em vez disso, representantes de camadas cada vez mais amplas da população podiam votar e ser eleitos para os principais cargos da cidade.
Linha-dura
As leis draconianas de Atenas
Segundo a tradição, o nobre ateniense Draco foi o responsável pelo primeiro conjunto de leis escritas de sua cidade – talvez de toda a Grécia. Desse ponto de vista, seu código legal foi um marco. Mas as leis draconianas acabaram ganhando péssima fama por sua severidade: um simples furto era punido com a morte.
Pôleis gregas
Onde a cidadania foi inventada
CORINTO
Após uma longa série de governos tirânicos, a cidade conseguiu estabelecer um governo sólido, comandado pela abastada classe média. O comércio com a Itália e a Sicília enriqueceu os coríntios.
ESPARTA
Conquistou seus vizinhos da Messênia. Mas a pressão dos soldados responsáveis pela vitória levou a uma “reforma agrária” nas terras conquistadas e à concessão de direitos político aos guerreiros.
TEBAS
A criação de cavalos em seus arredores fazia de Tebas uma exceção entre as pôleis. Escorados no poder da cavalaria, os aristocratas conseguiram manter um controle extremamente rígido sobre a cidade.
ATENAS
Atolada em desigualdade social e disputas pelo poder, a cidade ganhou uma constituição feita pelo sábio Sólon. A nova lei acabava com a escravidão por dívidas e garantia ao povo maior participação política.
MILETO
Tornou-se o grande centro grego na Ásia Menor (atual Turquia), fundando colônias e comerciando com os povos do Oriente Médio. Alguns dos primeiros filósofos, como Tales, viveram em Mileto.
800 a.C.
AMÉRICAS
• Os Chavín controlam o comércio de longa distância nos Andes.
ÁSIA E OCEANIA
• Na China, a dinastia Zhou é atacada por povos nômades.
EUROPA
• A cidade de Roma é fundada por Rômulo e Remo no centro da Itália.
ÁFRICA E O. MÉDIO
• O Império Assírio toma conta de toda a Mesopotâmia.
750 a.C.
AMÉRICAS
• Povos do estreito de Bering inventam uma espécie de arpão para caçar baleias.
• Os maias começam a se organizar em cidades espalhadas pela América Cen
ÁFRICA E O. MÉDIO
• Os assírios adotam o aramaico como língua oficial do império.
675 a.C.
EUROPA
• Vinho produzido no Mediterrâneo começa a ser consumido na Europa Central.
ÁFRICA E O. MÉDIO
• O rei assírio Senaquerib manda construir jardins suspensos na Mesopotâmia.
610 a.C.
AMÉRICAS
• A civilização olmeca entra em declínio.
EUROPA
• Pitágoras cria os princípios da matemática e da astronomia.
ÁFRICA E O. MÉDIO
• O deus babilônio Marduk passa a incorporar atributos de todos os outros.
ÁSIA E OCEANIA• Na Índia, Buda abandona a família e dedica sua vida à espiritualidade.
550 a.C.
Jogos olímpicos
O nascimento do espírito esportivo
A data oficial dos primeiros Jogos Olímpicos da história é 776 a.C. A competição foi organizada na cidade de Olímpia (foto acima), mas só atraiu os atletas locais. Aos poucos, os Jogos foram se consolidando como um dos poucos eventos a unir todas as cidades do mundo grego, aumentando o intercâmbio cultural e político e o senso de comunidade entre elas.
Invenção do dinheiro
As primeiras moedas da história
O intenso intercâmbio comercial entre gregos estabelecidos na atual Turquia e as civilizações asiáticas acabou fomentando a invenção da moeda na Lídia – um reino da Ásia Menor que fazia fronteira com cidades gregas como Mileto e Éfeso. As mais antigas circularam por volta de 600 a.C. e tinham apenas símbolos heráldicos, como animais (fotos acima). Eram forjadas com uma liga de prata e ouro conhecida como electrum. Na mesma época, dinastias do norte da Índia que nada tinham a ver com a Lídia também adotaram moedas e desenvolveram uma técnica própria de cunhagem.