Desconto de até 39% OFF na assinatura digital
Continua após publicidade

Com IA, arqueólogos encontram 303 novos geoglifos de Nazca no Peru

Os desenhos milenares mostram animais, traços geométricos e humanos – incluindo cabeças decapitadas. Veja as fotos.

Por Bela Lobato
29 set 2024, 10h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Geoglifos encontrados sob o solo.
     (Universidade de Yamagata/Reprodução)

    Levou um século para que os cientistas encontrassem 430 desenhos conhecidos como Linhas de Nasca, no Peru. Conhecidos como geoglifos, esses desenhos foram feitos na terra entre 2,5 mil e 1,5 mil anos atrás. Agora, com o auxílio de ferramentas de inteligência artificial (IA), cientistas conseguiram identificar 303 novos geoglifos em apenas seis meses.

    Os achados variam em complexidade: alguns são apenas linhas e figuras geométricas, mas outros trazem retratos complexos de papagaios, gatos, macacos, baleias e até de cabeças decapitadas. Todos têm entre três e sete metros, e são menores do que os que já foram encontrados anteriormente. 

    É porque alguns dos que já haviam sido encontrados são realmente enormes e só podem ser vistos de cima: o maior geoglifo da região tem 370 metros de comprimento, o equivalente a dez Cristos Redentores deitados em fila. No total, os desenhos ocupam 50 quilômetros quadrados. O sítio arqueológico é Patrimônio Mundial da Unesco, e é a atração turística mais popular do Peru depois de Machu Picchu.

    Continua após a publicidade

    Dessa vez, o uso de drones e de IA revolucionou a velocidade e o ritmo com que os geoglifos foram descobertos. “Com um drone, é possível percorrer vários quilômetros em um dia”, disse Johny Isla, arqueólogo-chefe do Peru para as Linhas de Nasca, em entrevista ao The Guardian. “O que antes levava três ou quatro anos, agora pode ser feito em dois ou três dias.”

    A IA foi treinada para reconhecer os padrões deixados pelos desenhos, e ajudou a analisar grandes quantidades de imagens geradas por drones. “Mesmo com exemplos de treinamento limitados, a abordagem de IA demonstrou ser eficaz na detecção de geoglifos menores do tipo relevo, que, ao contrário dos geoglifos gigantes do tipo linha, são muito difíceis de diferenciar”, os autores escrevem no artigo que foi publicado nesta semana na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

    Compartilhe essa matéria via:

    Nas imagens deste texto, mostramos primeiro os desenhos como são vistos na pedra. Depois, os desenhos contornados pelos pesquisadores. A terceira imagem mostra uma versão simplificada de cada desenho. Assim, fica mais fácil visualizar as figuras, que são alvo de incessante especulação e pesquisa minuciosa de arqueólogos.

    Imagens de drone tiradas durante a pesquisa de campo que confirmaram a autenticidade dos geoglifos.
    (Universidade de Yamagata/Reprodução)

    As novas figuras representam principalmente animais selvagens, mas também humanoides abstratos e camelídeos domesticados, como lhamas e alpacas. Elas são também mais recentes, historicamente, e fogem um pouco do padrão mais antigo, que mostrava vastos padrões geométricos e das figuras zoomórficas da cultura Nasca.

    Continua após a publicidade

    “Podemos dizer que esses geoglifos foram feitos por humanos para humanos, pois geralmente mostram cenas da vida cotidiana”, disse Isla ao The Guardian. “Já os geoglifos do período de Nasca são figuras gigantescas feitas em superfícies quase sempre planas para serem vistas por seus deuses.”

    Imagens com contornos como guia para o olho.
    (Universidade de Yamagata/Reprodução)

    Os desenhos ficam em um planalto desértico a 50 quilômetros da costa sul do Peru, em uma área de clima seco e solo inadequado para a agricultura. Foi isso que permitiu que os geoglifos resistissem por milênios.

    Continua após a publicidade

    Eles não são escavados na pedra, pelo contrário: o solo da região é arenoso e claro, coberto por uma camada superficial de seixos escuros. Para criar as imagens, as pessoas retiravam os seixos, para expor o solo claro e criar o contraste visto nas linhas. Essas pedras retiradas eram empilhadas em outras áreas para criar o efeito mais escuro.

    A terceira imagem, que mostra os desenhos de forma simplificada, respeita esse padrão: nela, o branco representa onde as pedras foram totalmente removidas, o cinza escuro é onde as pedras foram empilhadas e o cinza claro é a superfície original. A barra de escala representa cinco metros de comprimento.

    Não há um consenso entre os pesquisadores sobre a motivação por trás dessas obras enormes. Existem cinco hipóteses principais: os geoglifos seriam parte do entendimento de calendários e astronomia; de geometria; da agricultura e irrigação; de movimento ou comunicação, incluindo caminhada, corrida e dança; ou uma expressão artística. 

    Continua após a publicidade

    No geral, mesmo sem concordarem na utilidade específica, os autores dizem que os arqueólogos concordam que os geoglifos lineares são “parte integrante do espaço sagrado dos Nasca”.

    Interpretação arqueológica do relevo, compostas por ilustrações em tons de cinza
    (Universidade de Yamagata/Reprodução)
    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 6,00/mês

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 14,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.