Como funcionavam as competições de arte nas Olimpíadas?
Entre 1912 e 1948, centenas de artistas disputaram o ouro olímpico. Entenda por que essas modalidades surgiram – e por que acabaram.
Vira e mexe, uma modalidade é adicionada ou retirada dos Jogos Olímpicos. Em 2021 vimos a estreia do skate, surfe e escalada. Este ano, o breaking chega às Olimpíadas com competições que ocorrerão nos dias 9 e 10 de agosto.
Há também modalidades que foram extintas dos Jogos, como cabo-de-guerra, nado submarino, nado sincronizado individual, entre outros esportes que não fariam mais sentido hoje em dia.
Até a metade do século 20, existiam competições de arte nas Olimpíadas. Elas não tinham o mesmo status das modalidades esportivas, mas também valiam medalha.
Por que existiam competições de arte das Olimpíadas?
Na Grécia Antiga, acreditava-se que era importante exercitar não só o corpo, mas também a mente. O fundador das Olimpíadas modernas, o francês Pierre de Coubertin, queria resgatar esse ideal grego – unindo a arte e o esporte.
As Olimpíadas como conhecemos hoje começaram em 1896, mas foi só em 1912 que surgiram as competições de arte. Em entrevista ao jornal Le Figaro, Coubertin declarou:
“Chegou a hora de dar o próximo passo, e restaurar as Olimpíadas para sua beleza original. Nos tempos áureos de Olímpia, as artes eram combinadas harmoniosamente com os Jogos Olímpicos para criar sua glória. Isso deve se tornar realidade mais uma vez”.
Coubertin apresentou sua ideia aos organizadores do evento no Congresso Olímpico de 1906. Como faltava pouco tempo para as Olimpíadas de 1908, as competições de arte só foram implementadas na edição seguinte, que ocorreu em 1912 na cidade de Estocolmo.
Quais eram as categorias das competições de arte?
Existiam cinco categorias: arquitetura, escultura, pintura, música e literatura. Dentro das categorias havia subdivisões, como música instrumental e orquestral, solo e em coro; desenhos, artes gráficas e pinturas; literatura épica, lírica ou peça teatral; e estátuas, medalhas e esculturas em relevo.
Alguns projetos que participaram da categoria de arquitetura são o Estádio Olímpico de Amsterdã, o Ginásio Payne Whitney da Universidade de Yale e o Estádio Olímpico da Breslávia.
Dar uma nota a peças artísticas parece injusto, mas é exatamente isso que os jurados faziam. Se eles não conseguissem determinar um campeão, a medalha não era entregue.
Na edição de 1912, 33 pessoas participaram das competições de arte. Os jurados avaliaram obras dedicadas ao esporte, e que não poderiam ter sido exibidas anteriormente. O próprio Coubertin participou da categoria de literatura, sob um pseudônimo. Seu texto chamado “Ode ao Esporte” levou ouro.
Ao longo dos anos, duas pessoas ganharam medalhas tanto no esporte quanto na arte: o atirador/escultor Walter Winans, e o nadador/arquiteto Alfred Hajos.
Já nas Olimpíadas de 1924, em Paris, 193 participantes submeteram suas obras para as competições de arte. Em 1928, quem levou ouro na categoria de escultura foi o francês Paul Landowski, com a estátua de um boxeador. Sua obra mais famosa, no entanto, é o Cristo Redentor, que fica no topo do Corcovado.
Por que as competições de arte acabaram?
As competições de arte fizeram parte das Olimpíadas até 1948. No ano seguinte, o Comitê Olímpico Internacional (COI) chegou à conclusão que praticamente todos os artistas que submetiam suas obras eram profissionais, e não refletiam mais o status “amador” das Olimpíadas. Além disso, o público não estava tão interessado nas competições de arte, o que acaba não compensando a logística, trabalho e dinheiro investidos.
Hoje existem exposições e manifestações artísticas relacionadas às Olimpíadas, sejam elas oficiais ou extraoficiais. As medalhas entregues aos artistas na época não são consideradas da mesma forma que as esportivas.
No total, o país que mais ganhou medalhas artísticas foi a Alemanha, com 24 medalhas; seguido da Itália, com 14 medalhas; e a França, com 13.