Ludmila Amaral
(Francarlos Ribeiro, São Luís, MA)
Foi provavelmente no Brasil Colonial do século XVIII, auge da mineração no país. Acredita-se que as imagens de santos esculpidas em madeira oca eram recheadas de ouro e pedras preciosas para passar pelos postos de fiscalização da Coroa Portuguesa. Assim, evitava-se o pagamento de impostos altíssimos. “Como não foi encontrado nenhum registro preciso de um caso como esse, as estatuetas com aberturas nas costas, típicas dessa época, são a única pista de que a prática tenha realmente existido – além, é claro, da tradição oral”, afirma o historiador Luciano Figueiredo, da Universidade Federal Fluminense (UFF). A expressão – ainda hoje muito usada para se referir a pessoas hipócritas ou mentirosas – aparece, porém, com uma origem ligeiramente diferente no Dicionário do Folclore Brasileiro (1954), de Câmara Cascudo, o mais importante folclorista do país, onde está escrito que “as imagens de santos vinham de Portugal cheias de dinheiro falso”.