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Pedaço de cérebro humano sobreviveu intacto por 2,6 mil anos

A descoberta intrigou os pesquisadores – afinal, sua decomposição é bem rápida. Entenda o que o manteve preservado.

Por A.J. Oliveira
Atualizado em 9 jan 2020, 16h57 - Publicado em 9 jan 2020, 16h55

Em algum momento entre os anos 673 e 482 a.C., um homem foi violentamente executado perto do que hoje é a cidade de York, no Reino Unido. Mais de dois mil anos depois, em 2008, arqueólogos encontraram seu crânio enterrado na lama enquanto escavavam um sítio da Idade do Ferro.

Estudos indicaram que ele tinha sofrido uma fratura na espinha — sinal de que deve ter sido enforcado e decapitado. Ao abrir a cabeça, os pesquisadores ficaram em estado de choque. Encontraram lá dentro um pedaço excepcionalmente bem preservado de seu cérebro, tão intacto que, mesmo após milênios, conservou até as dobras e ranhuras da antiga estrutura. O que é estranho, já que a matéria cerebral geralmente se decompõe bem rápido após a morte, por ser rica em gordura. Mais esquisito ainda é o fato de, no mais, terem restado só os ossos do pobre homem — até o cabelo virou pó. Como o tecido cerebral sobreviveu?

(Journal of the Royal Society Interface/Reprodução)

É o que os cientistas têm tentado descobrir. De lá para cá, alguns estudos foram feitos no que ficou conhecido como o Cérebro de Heslington (nome da cidadezinha inglesa onde a misteriosa amostra foi coletada). Um deles constatou que na época da morte, não foram realizadas medidas para preservar o cérebro. Para resolver de vez o enigma, uma equipe internacional de pesquisadores aplicou técnicas de investigação a nível molecular.

A análise revelou o que parece ser a resposta para o mistério de 2,6 mil anos. O estudo, que durou um ano, comparou o antigo cérebro com um cérebro moderno, e a equipe descobriu que a concentração de proteínas era maior no órgão da antiguidade. Os chamados agregados proteicos que revestem como “esqueletos” os neurônios e outras células nervosas (os astrócitos) estavam mais compactados e estáveis que no exemplar mais atual.

(YORK ARCHAEOLOGICAL TRUST/Reprodução)

Essas proteínas, mais duras que o material típico do cérebro, são a marca registrada do Alzheimer e do natural envelhecimento no sistema nervoso. Mas a pesquisa não constatou os aglomerados que caracterizam tais condições. Ficou bem claro que foram os agregados que mantiveram o cérebro intacto, mas uma dúvida permaneceu: como foi que as proteínas se agregaram, afinal? Tudo indica que a resposta tem a ver com o ambiente do enterro.

O local em que o crânio foi encontrado é rico em argila. A umidade, o frio e os sedimentos finos daquele solo devem ter ajudado a barrar a penetração de oxigênio, elemento essencial para manter o funcionamento do metabolismo de micróbios decompositores. Os resultados foram publicados nesta quarta (8) no Journal of the Royal Society Interface, e podem ajudar tanto em estudos de proteínas em tecidos antigos quanto de doenças cerebrais atuais.

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