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Crimes de guerra

O Velho Testamento está cheio de referências a uma prática odiosa, mas muito comum naqueles tempos: o sacrifício de virgens e crianças

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h16 - Publicado em 16 fev 2013, 22h00
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  • José Francisco Botelho e Ricardo Lacerda

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    O guerreiro Jefté, um dos 12 juízes de Israel, estava prestes a ir para a guerra contra os amonitas quando resolveu invocar a ajuda do Todo-Poderoso: “Se me entregardes nas mãos os amonitas, aquele que sair das portas de minha casa ao meu encontro, quando eu voltar vitorioso (…) será consagrado ao Senhor, e eu o oferecerei em holocausto”. Jetfé venceu. E se arrependeu profundamente da promessa que fez. Quem primeiro veio ao seu encontro na volta para casa foi sua única filha – e o guerreiro viu-se obrigado a matá-la em nome de Deus.

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    Histórias como essa sugerem que o culto a Javé, Deus hebreu do Velho Testamento, frequentemente envolvia uma prática que, muito mais tarde, passaria a ser vista como atrocidade: o sacrifício humano. São várias as citações a esse tipo de oferenda na Bíblia. E o motivo é simples: segundo historiadores, o sacrifício de inocentes para pedir uma vitória no campo de batalha ou agradecer uma campanha militar bem-sucedida já foi uma das mais corriqueiras “transações” entre o céu e a terra.

    Entre os antigos hebreus, qualquer oferenda que envolvesse sangue era chamada de holocausto – sim, é daí que vem o nome atribuído ao genocídio que os nazistas cometeram durante a 2ª Guerra Mundial. “Existia entre os israelitas daquele tempo o conceito de asham, um pagamento a Deus”, diz o historiador Otávio Zalewski, especialista em estudos bíblicos. “Todo pecado ou ofensa à vontade divina gerava uma dívida, que só podia ser quitada com sangue.” Ou seja: acreditava-se que, passando a faca no pescoço de uma pessoa ou de um animal, obtinha-se a redenção.

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    Vários outros povos da Bíblia também adotavam essa prática – entre eles, cananeus, filisteus, gregos e babilônios. Em muitos casos, a oferenda não passava de uma cabra ou uma ovelha – geralmente jovem e sem defeitos físicos, que era degolada e queimada logo em seguida numa fogueira. Havia, no entanto, sacrifícios bem mais chocantes, envolvendo até crianças. “Era a crença de que só se podia ofertar a Deus algo puro”, explica Humberto Maiztegui Gonçalves, doutor em Teologia pelo Instituto Ecumênico de São Leopoldo (RS). “O sacrifício de crianças ou mulheres virgens seguia essa lógica.”

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    Eram tão comuns os sacrifícios humanos que um lugar acabou ficando famoso por concentrá-los: Tofet. Supostamente localizado em Geena, um vale bem perto de Jerusalém, era nesse local que os cananeus faziam seus rituais dedicados ao deus que chamavam de Moloch – uma figura antropozoomórfica, com corpo de gente e cabeça de touro. Em cerimônias cheias de pompa e circunstância, eles queimavam crianças num incinerador que tinha o formato da divindade. Não por acaso, “geena” se transformou no termo hebraico para designar “inferno”.

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    JEREMIAS 7:32
    Eis que virão os dias – oráculo do Senhor -, em que não mais dirá Tofet, nem vale do Filho de Inom, mas vale do Massacre, onde, por falta de lugar, serão enterrados os mortos em Tofet.

    QUASE DEGOLADO
    Segundo o livro bíblico Gênesis, Deus resolveu testar a obediência de Abraão – o patriarca dos judeus – de uma forma um tanto extrema: “Toma teu filho, teu único filho a quem tanto amas, Isaac; e vai à terra de Moriá, onde tu o oferecerás em holocausto sobre um dos montes que eu te indicar”. Abraão obedeceu: amarrou Isaac e já estava erguendo a faca para degolá-lo quando um anjo segurou seu punho, impedindo-o de praticar o infanticídio. E uma voz veio do céu: “Agora sei que temes a Deus, pois não me recusaste teu próprio filho, teu filho único.”

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