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Descoberto corpo do Capitão Gancho da Itália medieval

O homem do século 8 foi amputado – mas sobreviveu ao ferimento, instalou uma faca no lugar da mão e seguiu a vida.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
17 abr 2018, 19h22

Na província de Bergamo, a 40 quilômetros de Milão, norte da Itália, um cemitério medieval abriga 164 pessoas mortas entre os séculos 6 e 8. Uma delas não tem a mão direita – o braço termina em um toco de osso cicatrizado. O corte foi limpo: a amputação pode ter sido punição por um roubo, um procedimento médico pouco agradável da era pré-anestesia ou até brinde de uma violenta batalha com espadas. O mais legal, porém, é que o ladrão – ou soldado de bem com a vida – lançou tendência na moda pirata, assim que o ferimento se curou: instalou uma faca no lugar do membro e seguiu com a vida.

O “Capitão Gancho pizzaiolo” morreu com cerca de 50 anos, muito depois da amputação – é surpreendente que tenha sobrevivido às prováveis infecções decorrentes do ferimento sem antibióticos contemporâneos. Deformações análogas a calos nas extremidades dos ossos do antebraço indicam que ele adotou a faca no dia a dia, e que a adaptação foi bem aceita por seus conterrâneos. “A sobrevivência desse homem testifica a preocupação da comunidade e o alto valor dado à vida humana [na época]”, afirmam arqueólogos da Universidade de Roma, responsáveis pela descoberta, em um artigo científico.

Olha a faca! ((Micarelli et al./Journal of Anthropological Sciences)/Reprodução)

Os dentes da parte direita da mandíbula do esqueleto estão extremamente desgastados – em um padrão que indica que o homem tinha o hábito de morder e então puxar algo com frequência, sempre na mesma direção. A melhor explicação é que ele usava a boca para apertar, de tempos em tempos, as cintas de couro que seguravam a prótese peixeira no lugar. Lembra quando sua avó mandava você não usar os dentes para abrir embalagens? Pois é, era um bom conselho: o hábito rendeu uma infecção na polpa dentária do anônimo medieval, que alcançou e lesionou o osso. Seu ombros também apresentam marcas condizentes com o hábito de esticar o braço na direção oposta a da boca.

Ao contrário da maior parte dos homens da mesma época que foram encontrados na necrópole, o capitão gancho não foi enterrado com lanças, espadas ou outras armas de estimação: só tinha a faca-prótese, amarrada na ponta do braço e cruzada sobre sua barriga. Prova de que ele foi respeitado pela maneira como solucionou a amputação, e enterrado respeitosamente entre seus iguais. Agora, só resta saber se ele foi ídolo de um certo pirata com medo de jacarés.

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