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E se… o Brasil se dividisse em vários países?

Essa região, com população esparsa e um imenso potencial econômico, poderia ser prontamente invadida pelos vizinhos que, hoje em dia, respeitam o Brasil ¿ ainda que não sejamos nenhum EUA, somos a nação mais poderosa da América do Sul.

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Atualizado em 31 out 2016, 18h25 - Publicado em 31 Maio 2006, 22h00
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  • Raquel Paulino

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    De cara, o outrora pacífico Brasil entraria em pé de guerra: os conflitos pipocariam com o esfacelamento do poder central. O foco da violência estaria na Amazônia. Essa região, com população esparsa e um imenso potencial econômico, poderia ser prontamente invadida pelos vizinhos que, hoje em dia, respeitam o Brasil – ainda que não sejamos nenhum EUA, somos a nação mais poderosa da América do Sul.

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    Questões econômicas, políticas e culturais motivariam as uniões e separações mais tranqüilas. “Já há uma estruturação político-econômica que divide o Brasil em regiões distintas”, diz o pesquisador de geopolítica André Roberto Martin, da USP, autor do livro Fronteiras e Nações.

    Mesmo numa situação de paz entre as novas nações, seria inevitável uma monstruosa burocracia alfandegária e de imigração para quem transitasse entre elas.

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    Imagine só: num dos cenários possíveis (veja abaixo), um pernambucano que quisesse ir e voltar de ônibus para São Paulo precisaria passar pelo menos 12 vezes por postos fronteiriços. Isso sem contar a avalanche de pedidos (e convites) de naturalização para montar todas as novas seleções de futebol. No terreno da bola, a já forte rivalidade entre paulistas e cariocas seria tão grande quanto a birra entre brasileiros e argentinos.

    Um país em retalhos

    O território que hoje éo Brasil poderia se dividir em 10nações independentes

    Amazônia Ocidental (sob tutela da ONU)

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    CAPITAL: Manaus

    O Amazonas assumiria seu papel de reserva florestal da humanidade, e a tutela da ONU (e seu contingente de “capacetes azuis”) seria imprescindível para proteger a mata de madeireiros ilegais, ecopiratas, grupos militares e paramilitares, além de criminosos comuns. A elite cabocla amazonense tomaria o poder e, aproveitando a preocupação global com ecologia, se beneficiaria de alianças com o primeiro mundo.

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    República do Baixo Amazonas

    CAPITAL: São Luís

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    Apesar de estar na região amazônica, a porção norte do Pará e do Maranhão se separaria do Amazonas por ter uma característica muito própria: a floresta pluvial aliada à mineração forte. Apesar de ser menor que Belém, a cidade de São Luís seria o maior pólo econômico da região, já que abriga o porto por onde escoa o minério que chega por trem de Carajás.

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    Estados Unidos do Cariri

    CAPITAL: Fortaleza

    As praias na curva norte do litoral brasileiro se tornariam um rico pólo turístico, freqüentado sobretudo por visitantes europeus, que ocupariam os diversos resorts costeiros. Já o interior… A região sertaneja tenderia a ser relativamente despovoada e com atividade econômica pouco relevante.

    República Socialista de Pernambuco

    CAPITAL: Recife

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    Eis a Cuba brasileira, com território comprido, capital litorânea e tendência ao socialismo. Palco de revoltas como a Revolução Pernambucana (1817), ela poderia se isolar e virar uma república socialista. Temendo o surgimento de um dublê de Fidel Castro na América do Sul, a Otan ficaria de olho nela.

    República do Cerrado

    CAPITAL: Brasília

    É o império do agronegócio. A região foi ocupada por migrantes dispostos a desbravar e cultivar terrenos gigantescos. Ali fica um bolsão que abriga um mar de soja, além de algodão e muito gado. Resultado: um novo país com economia forte em uma geografia parecida com a da Austrália (com pouca população e grande extensão territorial).

    Estados Unidos do Sudoeste

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    CAPITAL: São Paulo

    São Paulo e Mato Grosso do Sul se uniriam por terem uma forte ligação agropecuária. Pólo industrial consolidado, esse país poderia ser comparado, em termos de importância para o continente, à África do Sul. Concentraria, ainda, o poderio bélico sul-americano – bastaria adaptar parte do parque industrial já instalado.

    República Quilombola da Bahia

    CAPITAL: Salvador

    Raízes históricas e semelhanças culturais e econômicas fariam desse pedaço da Bahia uma espécie de Nigéria americana. Foi dessa região da África que veio a maioria dos escravos – e graças à sua presença, os baianos incorporaram palavras do idioma ioruba (“acarajé”, por exemplo) e o candomblé, além da música e da dança. Assim como na Nigéria, a economia seria baseada em petróleo e cacau. Por conta disso tudo, o novo país se ligaria à OUA (Organização da Unidade Africana) e ficaria de costas para a América.

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    República Farroupilha

    CAPITAL: Porto Alegre

    O forte sentimento regionalista dos sulistas tornaria natural e indolor a separação de Rio Grande do Sul e Santa Catarina dos territórios do norte. A República Farroupilha seria um país de economia forte e população relativamente pequena. A indústria vinícola se aperfeiçoaria para garantir as exportações para o exigente público de Rio e São Paulo.

    República do Rio de Janeiro

    CAPITAL: Rio de Janeiro

    Ex-capital do Brasil, o Rio tem um sentimento de autonomia em relação ao resto do país que o faria optar por ficar sozinho com seu petróleo – extraído da Bacia de Campos, a maior reserva do Brasil – e seu turismo. Estaria para a América do Sul como Cingapura está para a Ásia, pois contaria com um dos portos mais movimentados do mundo, com turistas de todas as partes e uma elite cosmopolita.

    República dos Inconfidentes

    CAPITAL: Belo Horizonte

    Um país formado por Minas Gerais e Espírito Santo configuraria um “acordo ganha-ganha”. Econômica e politicamente forte, Minas enfim teria a sua saída para o mar. O Espírito Santo, por sua vez, vestiria a carapuça de praia dos mineiros – mas, para isso, barganharia bastante e ganharia poder na negociação dos interesses regionais. Católica até a medula e dona de um importante patrimônio histórico, a República dos Inconfidentes se assemelharia bastante à Espanha.

    Guerra em todo canto

    1. Acre

    A Bolívia poderia pedir o Acre de volta. Mas, como a fronteira é meio vazia e os fazendeiros da região são brasileiros, seria mais fácil os acreanos tomarem mais um pedacinho da Bolívia.

    2. Noroeste da Amazônia

    As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia já ocupam essa parte da floresta e continuariam ali. A população local, alguns índios ianomâmis, não teria a vida afetada pelas Farc.

    3. Roraima

    Um racha no Brasil poderia ser um prato cheio para a Venezuela tentar avançar em Roraima. Acuada, a população local procuraria asilo na Guiana.

    4. Amapá

    A divisa da Guiana Francesa com o Amapá é a maior fronteira terrestre da França, que tentaria aumentar sua extensão global. Atraídos pela qualidade de vida européia e pelos euros, os brasileirosda região poderiam abraçar a idéia.

    5. Alagoas e Sergipe

    São dois “estados-tampão”, criados para não deixar a foz do rio São Francisco nem com a Bahia nem com Pernambuco. No fim da disputa, é provável que um armistício entregasse Alagoas a Pernambuco e Sergipe à Bahia.

    6. Paraná

    Também racharia. O norte do estado, parecido com o interior paulista, ficaria com os Estados Unidos do Sudoeste. Já o sul, identificado com a cultura gaúcha, integraria a República Farroupilha.

    Para saber mais

    Fronteiras e Nações – André Roberto Martin, Contexto, 1994

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