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Escrito hebraico de 2,6 mil anos contém pedido: mande mais vinho

A relíquia arqueológica encontrada em 1965 já havia sido decifrada – mas uma nova pesquisa revelou um recadinho imperceptível na parte de trás

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
29 jun 2017, 17h42

Ébrios de plantão, vocês têm um novo herói. A parte de trás de uma placa de argila de 2,6 mil anos encontrada em Israel em 1965 tinha inscrições em hebraico que até então haviam passado despercebidas por cientistas – e só foram descobertas em uma nova pesquisa, publicada na semana passada.

“Mande mais vinho”, implora o remetente, um homem chamado Hananyahu, no verso do pedaço de cerâmica. Em agradecimento, ele garante ao destinatário, Elyashiv, que irá ajudá-lo com o que for necessário – e aproveita para pedir outro produto alimentício que não pode ser identificado na análise (afinal, faz mal beber de barriga vazia).

Para não deixar dúvidas, o remetente repete a palavra “vinho” antes do fim do telegrama, que contém 50 caracteres e 17 palavras distribuídos em três linhas. A tinta, invísivel, foi revelada por meio da exposição da relíquia a ondas eletromagnéticas de vários comprimentos – alguns fora da faixa da luz visível, e portanto imperceptíveis para um ser humano. A pesquisa foi publicada no periódico científico PLOS One.

O conteúdo da parte da frente da placa – bem mais sério – já era conhecido desde a época de sua descoberta, há 50 anos. Contém menções a Deus (Javé) e uma conversa sobre dinheiro. A nova análise revelou quatro linhas extras, que mencionam uma troca comercial envolvendo óleo e prata. Tudo muito profissional.

Nessa época, o povo hebreu escrevia usando tinta sobre argila com frequência. Essas mensagens delicadas, chamadas óstracos, desaparecem muito rapidamente depois que são desenterradas. Por isso, métodos de análise alternativos, como o aplicado por Shira Faigenbaum-Golovin e sua equipe, são muito importantes para estudar os povos da região, que sempre usavam a cerâmica como suporte.

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“Nossos resultados demonstram a necessidade de aquisição de imagens multiespectrais para todos os lados de todos os óstracos antigos”, afirmam os pesquisadores no estudo. “Além disso, em certos casos nós recomendamos empregar técnicas multiespectrais para analisar peças de cerâmica recém-descobertas antes de seu descarte.”

Em outras palavras, agora que os cientistas descobriram que pode haver mensagens ocultas em peças de cerâmica antes consideradas inúteis, eles precisarão analisar com mais cuidado todo o conteúdo retirado de sítios arqueológicos – e mandar de volta para o laboratório centenas de peças de museu que ainda podem conter surpresas.

“Receber uma carta de Hananyahu depois de 2,6 mil anos me deu arrepios”, afirmou Faigenbaum-Golovin, da faculdade de Tel Aviv, ao New York Times. “Eu fiquei muito surpreso em vê-la.

 

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