Esculturas de 2 mil anos mostram que nativos americanos conheciam magnetismo
As esculturas magnéticas representavam ancestrais mortos – e seu poder de atrair ou repelir outras rochas era visto como uma manifestação do poder dessas almas.
O primeiro registro histórico do magnetismo vem da Grécia Antiga. Por volta de 600 a.C, Tales de Mileto realizou algumas observações aparentemente banais sobre as propriedades de atração e repulsão de pedrinhas escuras. Elas eram de magnetita (Fe3SO4) – essa foi a descoberta do ímã.
Agora, porém, achados arqueológicos demonstram evidências intrigantes, ainda que inconclusivas, de um conhecimento primitivo do magnetismo entre os povos nativos americanos – que data da mesma época que Tales fez suas observações do outro lado do Atlântico.
Para entender essa história, precisamos voltar uns 2,5 mil anos, para o litoral oeste do território onde hoje fica a Guatemala, na América Central.
Lá, há esculturas pré-colombianas chamadas barrigones. Como o próprio nome diz, elas têm a barriga avantajada, braços laterais descansando sobre a protuberância, cabeça pequena, rosto de bolacha Trakinas, olhos fechados e, em alguns casos, a boca é mostrada com os lábios arredondados, como quem sopra uma vela de aniversário.
Os barrigones eram esculpidos a partir de um bloco de rocha único. E é aqui que vem o pulo do gato: as testas, bochechas e umbigos dessas estátuas estavam magnetizados. A descoberta é de um grupo de pesquisadores de Harvard.
Os nativos americanos não dominavam a tecnologia necessária para magnetizar só alguns trechos da estátua. As rochas utilizadas de matéria-prima provavelmente se tornaram ímãs graças a relâmpagos, bem antes de virarem esculturas.
Ou seja: não é que eles só fossem capazes de magnetizar só as partes do corpo da estátua que interessavam. Na verdade, eles pegavam grandes rochas de locais que eram atingidos com frequência por relâmpagos, detectavam as partes magnetizadas que já estavam lá e esculpiam os barrigones pensando nisso. 11 esculturas foram analisadas.
As estátuas magnéticas eram carregadas de simbologia religiosa. Segundo a hipótese mais aceita pela equipe de Harvard, os barrigones representavam ancestrais falecidos da população. O fato de que eram capazes de repelir ou atrair outros objetos era visto como uma demonstração da presença dessas autoridades.
Os mesoamericanos atribuíam poderes às diferentes partes do corpo – e a ciência, assim, dava vida à magia.