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Hitler proibiu alemães de receber o Nobel – e criou uma alternativa nazista ao prêmio

O jornalista alemão Carl von Ossietzky ganhou a medalha da Paz enquanto estava preso num campo de concentração, mas morreu sem tocar no prêmio.

Por Luiza Lopes
9 out 2025, 14h00

Adolf Hitler chegou ao poder na Alemanha, em 1933. Nos próximos anos, os nazistas passaram a controlar imprensa, universidades e instituições culturais, impondo censura rígida e perseguindo opositores. Para o Führer, qualquer órgão ou premiação internacional que não estivesse alinhado com o Reich era visto como uma afronta ao regime – e nem mesmo o Nobel, o prêmio mais famoso e prestigiado do mundo, escapou dessa lógica.

Em 1935, a Fundação Nobel premiou o jornalista alemão Carl von Ossietzky com a medalha da Paz. Ex-militar e pacifista, ele havia denunciado que a Alemanha estava reconstruindo em segredo seu poderio militar – uma violação ao Tratado de Versalhes (1919), o acordo de paz assinado após a Primeira Guerra Mundial que proibia o país de possuir aviões de combate e armamentos pesados.

As reportagens de Ossietzky revelaram acordos com fábricas de armas e treinamentos militares ocultos, o que lhe rendeu um processo por traição à pátria. O jornalista foi preso, enviado a campos de concentração e submetido a torturas que agravaram sua saúde já frágil.

Ao receber o anúncio de que havia ganhado o Nobel da Paz, Ossietzky já estava debilitado pela tuberculose na prisão. Hitler reagiu com fúria: proibiu que o jornalista deixasse a Alemanha para receber o Nobel (a maioria dos prêmios é entregue na Suécia; já a cerimônia para o da Paz é na Noruega). Ele também determinou que nenhum cidadão alemão poderia aceitar um Nobel dali em diante. Como alternativa, criou o Prêmio Nacional Alemão de Arte e Ciência, destinado a laurear feitos que servissem aos interesses do regime e reforçassem a propaganda do Reich.

O caso Ossietzky provocou mobilização internacional. Figuras como o físico Albert Einstein e os escritores H. G. Wells e Aldous Huxley apelaram por sua libertação, mas o governo nazista ignorou os protestos. Em 1936, o jornalista recebeu autorização excepcional para sair da prisão e se tratar em um hospital, mas continuou sob vigilância da Gestapo (a polícia secreta nazista). Ossietzky morreu em 1938, sem jamais ter tido permissão para comparecer à cerimônia em Oslo, tornando-se símbolo da perseguição intelectual promovida pelo nazismo.

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A proibição teve impacto direto sobre o reconhecimento internacional da ciência alemã. Entre 1938 e 1939, três pesquisadores do país chegaram a ser premiados pela Fundação Nobel, mas foram impedidos de aceitar as medalhas.

Richard Kuhn recebeu o Nobel de Química em 1938 por suas descobertas sobre carotenoides e vitaminas. No ano seguinte, Adolf Butenandt venceu na mesma categoria pelo isolamento de hormônios sexuais como o estrogênio e a androsterona. Em 1939, Gerhard Domagk ganhou o Nobel de Medicina por demonstrar a ação antibacteriana das sulfonamidas, que abriram caminho para o desenvolvimento dos antibióticos modernos.

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Eles só receberam as suas medalhas e diplomas após a Segunda Guerra. Ficaram, porém, sem o prêmio em dinheiro, que daria R$ 3 milhões em valores atuais.

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