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Múmias revelam que europeus já usavam cocaína há 400 anos

Cientistas encontraram compostos da planta no corpo de pessoas dos anos 1600, mostrando que o consumo da droga começou dois séculos antes do que pensávamos.

Por Eduardo Lima
Atualizado em 30 ago 2024, 12h39 - Publicado em 30 ago 2024, 12h00
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  • Close-up de cabeça de uma múmia deitada sobre uma estrutura de cor branca.
     (Wikimedia Commons/Reprodução)

    Não começou nas raves – ou as raves começaram muito antes. É isso que alguns cientistas da Universidade de Milão descobriram sobre o consumo de cocaína, que já era usada no século 17, cerca de 200 anos antes do que se imaginava até então.

    A cripta Ca’ Granda é um cemitério do Ospedale Maggiore, um hospital que atendia pessoas pobres na Milão do século 17. O local conta com afrescos pintados em 1637. O tecido cerebral de dois indivíduos mumificados que estavam sepultados na cripta foi analisado, e cientistas encontraram substâncias químicas ligadas à cocaína.

    Amostras dos dois cérebros mumificados com cocaína, lado a lado.
    (CC BY Journal of Archaeological Science 4.0/ND/Reprodução)

    A pesquisa foi feita em parceria com a Fundação Ca’ Granda do Hospital Policlínico Maggiore de Milão, e publicada no Journal of Archaeological Science.

    Cocaína na Renascença

    Os pesquisadores italianos encontraram nas duas múmias os compostos ativos da planta da coca, Erythroxylum spp., nativa da América do Sul. O alcaloide específico da cocaína foi encontrado, além das substâncias benzoilecgonina (que aparece no corpo da pessoa depois do uso da cocaína, após o fígado metabolizar a droga) e higrina. Esse último composto é encontrado nas folhas da coca, mas não na droga em si, o que significa que a planta pode ter sido mascada ou ingerida como chá.

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    Há vários relatos de uso de cocaína na Europa no século 19, bem antes de Pablo Escobar e de qualquer rave. A droga tinha uso medicinal, mas havia muita confusão sobre qual era a distinção entre uso e abuso da substância, que logo começou a ser utilizada como o estimulante de hoje.

    Essas múmias, no entanto, são a primeira evidência da planta coca na Europa antes dos anos 1800, ou seja: o uso por lá começou uns 200 anos do que acreditávamos até então.

    O estudo com as múmias em Milão não encontrou evidências da utilização medicinal da coca na época, o que leva os pesquisadores a especularem um possível uso recreativo da substância. Outra possibilidade é que a cocaína fosse usada por curandeiros fora do hospital ou como automedicação.

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    A coca é uma planta nativa do oeste da América do Sul, usada por comunidades nativas para aliviar fadiga e apetite. É difícil saber com certeza como ela foi levada para a Europa, já que o transporte intercontinental demorava muito durante o século 17, possibilitando a degradação das mudas. Mas, aparentemente, ocorreu.

    O que fica claro com esse estudo é que a planta era usada na Europa de 400 anos atrás, mesmo entre as pessoas mais pobres, como os sepultados da cripta Ca’ Granda.

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