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O boxeador contra Hitler

Max Schmeling foi a glória da Alemanha nazista ao ganhar o cinturão mundial de boxe. Na moita, ele ajudava judeus a fugir do extermínio.

Por Álvaro Oppermann
31 jul 2006, 22h00 • Atualizado em 17 mar 2017, 19h30
  • Kristallnacht, a terrível “Noite dos Cristais” de 8 de novembro de 1938. Tropas nazistas massacravam milhares de judeus por toda a Alemanha. Nas ruas de Berlim, reinava o terror. Num quarto do Hotel Excelsior, o boxeador Max Schmeling estava apreensivo. Alguém bateu na porta. Era o amigo David Lewin.

    – Onde estão os garotos? – perguntou Max.

    – Estão aqui – respondeu David, um próspero comerciante judeu. De trás dele, agarrados ao sobretudo negro, surgiram então os rostos assustados de seus dois filhos: Werner e Henri.

    – Eu tomo conta deles – disse Max.

    O pugilista escondeu os meninos e conseguiu que eles fugissem – Werner e Henri terminariam fixando residência nos EUA. Esse foi apenas um dos gestos humanitários de Max.

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    Por ironia, Max Schmeling era um ídolo na Alemanha do 3º Reich. Foi campeão mundial dos pesos pesados em 1930 e 1931. Em 1936, com Adolf Hitler já no poder, derrotou o até então invencível americano Joe Louis. A alegria de Hitler durou pouco: o lutador se recusou a entrar para o Partido Nazista. Também negou-se a demitir o seu agente americano, Joe Jacobs, de origem judaica.

    Em junho de 1938, Max perdeu a luta de revanche para Joe Louis, transmitida pelo rádio a toda Europa e EUA direto do Yankee Stadium, em Nova York. O americano deslocou uma vértebra de Schmeling e lesionou um dos seus rins. Hitler, furioso, mandou interromper a transmissão em território alemão. No fim daquele ano, os espiões da SS descobriram a ajuda do pugilista aos garotos judeus. Foi a gota d’água. Quando a guerra começou,s em 1939, Hitler enviou Max como pára-quedista em missões suicidas. O boxeador, porém, sobreviveu uma missão após outra.

    Quando Hitler beijou a lona, com o fim da 2ª Guerra, outra luta começou para o campeão. Modesto, nunca disse a ninguém ter ajudado os filhos de Lewin e carregou o estigma de ser um queridinho do führer. Em 1989, porém, Henri Lewin, que se tornara empresário do ramo hoteleiro em Las Vegas, convidou Max à cidade e revelou a uma platéia comovida: “Se não fosse por ele, eu e meu irmão estaríamos mortos”. A vitória final de Max Schmeling veio com um tapa de luvas de pelica.

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    Grandes momentos

    • Nascido em 1905 e morto pouco antes dos 100 anos, Maximillian Adolph Otto Siegfried Schmeling tinha a alcunha de Ulano Negro do Reno. Ulanos eram lanceiros em exércitos medievais.

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    • Max entrou para o Hall da Fama do Boxe Internacional em 1992, com 56 vitórias (40 por nocaute), 10 derrotas e 4 empates.

    • Depois da guerra, Max estava na penúria. Lutou até 1948. Ficou rico ao montar, em 1954, uma franquia da Coca-Cola na Alemanha.

    • Max Schmeling e Joe Louis ficaram amigos. Quando Joe morreu na pobreza, em 1981, Max pagou seu funeral.

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