Por que 666 é considerado o número da besta?
É uma confusão dos diabos. “Há várias interpretações, mas nenhuma delas é convincente”, disse à SUPER o historiador Nachman Falbel, da Universidade de São Paulo, especialista em história judaico-cristã.
A cifra demoníaca aparece no livro bíblico do Apocalipse, cuja autoria é atribuída a São João. No versículo 18 do capítulo 13, o apóstolo escreve: “Quem tiver discernimento calcule o número da besta, pois é número de homem; e o seu número é seiscentos e sessenta e seis”.
Uma das explicações está na própria língua hebraica, falada pelos cristãos na época em que o texto foi escrito. As letras do alfabeto hebraico sempre são associadas a números. A palavra khai (vida), por exemplo, corresponde ao número 18.
Essa correspondência se chama gematria. “Uma das associações gemátricas a 666 corresponde a Nero César”, diz o teólogo Eduardo Cruz, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Nero foi imperador de Roma do ano 54 ao 68. Durante seu governo, perseguiu duramente os cristãos. “A mensagem, portanto, tinha um conteúdo político contra a opressão romana”, afirma Cruz.
Muitos historiadores acham, no entanto, que o número corresponde a um cálculo de tempo dos antigos hebreus. “Talvez ele marcasse o início de uma era de sofrimento, iniciada 666 anos depois de uma determinada data”, afirma Falbel. O que ninguém sabe é que data seria essa.