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O marqueteiro do diabo

Ex-artista de circo, organista e detetive, Anton LaVey descobriu um grande filão: fundar uma seita de adoradores de Satã

Por Álvaro Oppermann
Atualizado em 31 out 2016, 18h24 - Publicado em 6 dez 2005, 22h00

Noite em São Francisco, Califórnia, em 1966. No cômodo de uma mansão iluminado por velas, um homem de túnica vermelha e olhos cerrados recitava versos em latim. Ao redor, discípulos formavam um semicírculo. O homem, Anton Szandor LaVey, ficou teso, gargalhou e se pôs a raspar a própria cabeça. Foi o seu batismo satânico, o rito que deu início à Igreja de Satã.

Anton LaVey nasceu em Chicago, em 1930. Largou a escola cedo e foi trabalhar no circo, onde se tornou domador de leões. Depois, foi organista em clubes de striptease e detetive particular. Já na juventude, era fissurado por livros de satanismo e, aos 25 anos, leu a obra do ocultista inglês Aleister Crowley (1875-1947). Foi uma revelação. Juntou as doutrinas de Crowley com o seu estilo circense e, em pouco tempo, arrebanhava discípulos para a causa satânica.

Quando criou a Igreja de Satã, escolheu como insígnia o selo do Bafomet, um pentagrama que circunscreve a imagem do Chifrudo. Sua motivação explícita era instaurar o reino do Anticristo sobre a Terra. Os rituais incluíam desde a repetição de hinos a sessões de vodu ou sexo grupal. Os membros se vestiam de preto – com exceção das “sessões de luxúria”, quando as mulheres vestiam roupas mais eróticas, como babydolls. Em 1967, uma socialite nova-iorquina, Judith Case, celebrou seu casamento na igreja de LaVey. No dia seguinte, com o rosto estampado em vários jornais, Anton ficou famoso.

Para lucrar com o sucesso, LaVey escreveu em 1969 a Bíblia Satânica. A obra, misturando várias filosofias, mitos e religiões, colocava Satã como uma força, nem boa nem má, que permeia e se manifesta em todos os seres da natureza. “Dentro de cada um de nós existe uma besta que precisa ser exercitada, nunca exorcizada”, dizia.

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Em 1973, a barra começou a sujar para ele: Michael Aquino, um ex-agente da CIA e ex-discípulo de LaVey, denunciou o comércio de ordenações sacerdotais dentro da seita. O dinheiro ia para o bolso de LaVey – uma transação que não era proibida, mas que pegou mal a ponto de causar um racha entre seus seguidores. Nos anos 80, foi acusado de espancar a esposa (sua terceira) e de forçar discípulas a manter relações sexuais com ele e a se prostituir. Anton LaVey morreu em 1997. Talvez tivesse um encontro inadiável com o seu mestre.

 

Grandes momentos

• LaVey alardeava ter sido consultor do filme O Bebê de Rosemary. Mentira. Nenhum membro da equipe do filme o conhecia. Outra balela inventada por ele era ter sido amante de Marilyn Monroe.

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• A Bíblia Satânica até hoje está em catálogo. A igreja ainda existe e um de seus reverendos é o roqueiro Brian Warner, mais conhecido como Marilyn Manson.

• LaVey conseguiu atrair várias personalidades para a sua seita, entre elas o cantor Sammy Davis Jr.

• Foi cremado ao morrer. Suas cinzas foram divididas entre membros da igreja para uso em rituais satânicos.

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