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O médico Josef Mengele: anjo da morte

O médico Josef Mengele torturou e matou milhares de pessoas em nome da ciência nazista.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h24 - Publicado em 31 jan 2006, 22h00

Álvaro Oppermann

Josef Mengele nasceu em Günzburg, na Alemanha, em 1911. Estudou medicina e filosofia na Universidade de Munique. Na Segunda Guerra, em 1942, foi condecorado por bravura militar. No ano seguinte, foi para o campo de concentração de Auschwitz como coronel-médico da SS (a tropa de elite nazista). Mandou então executar 400 mil prisioneiros, entre judeus, ciganos, gays e deficientes físicos. Os poupados da morte imediata eram enviados para o “zoológico”, os barracões onde ficavam as cobaias humanas de seus experimentos. Entre eles, havia principalmente irmãos gêmeos, anões e portadores de deficiências físicas. O “anjo da morte”, como foi apelidado, dissecava anões vivos a fim de provar serem fruto da excessiva miscigenação de raças, amputava pernas e braços de crianças para tentar sem sucesso regenerá-los, e jogava prisioneiros em água fervente para ver o quanto suportavam.

Como foi possível tanta maldade? Uma resposta pode estar em seus anos de formação. Na faculdade, Mengele se enamorou da genética e conheceu o doutor Ernst Rudin, para quem os médicos tinham o dever de eliminar “criaturas indesejáveis”, como deformados, homossexuais e judeus. Depois, aprofundou estudos e preconceitos no Instituto de Hereditariedade, Biologia e Pureza Racial do Terceiro Reich, em Frankfurt. Em 1943, Mengele viu em Auschwitz a chance de subir na carreira científica. Não faltavam cobaias. O surpreendente é que invejava os judeus: “Existem dois povos superiores no mundo: os arianos e os judeus. Só existe lugar para um deles”, dizia. Nesse caso, a inveja literalmente matou.

Fugiu de Auschwitz em 17 de janeiro de 1945, pouco antes de as tropas soviéticas chegarem ali. Escondeu-se na Alemanha até 1949, quando veio para a Argentina, na época um porto seguro para os nazistas. Viveu no Brasil de 1970 até sua morte, em 1979, em sítios nos arredores de São Paulo (Caieiras e perto da represa Billings). Não tinha conta em banco e era sustentado por uma rede de antigos nazistas. Passava os dias cuidando do jardim e ouvindo obras de Wagner e Mozart. Tinha uma carteira de identidade falsa, com o nome de um amigo, o austríaco Wolfgang Gerhardt. Mas aqui era conhecido apenas como “seu Pedro”.

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Grandes momentos

• Era fascinado por gêmeos. Injetava o sangue de um em outro, de tipo sanguíneo diferente, para ver a reação. Jogava corante em seus olhos, provocando infecções ou cegueira. Muitos foram castrados ou esterilizados. Dos 3 mil gêmeos que entraram em Auschwitz, só 183 sobreviveram.

• Morreu afogado em Bertioga, litoral paulista. Em 1985, sua ossada foi descoberta e, em 1992, um exame de DNA feito na Inglaterra, cruzado com o de seu filho Rolf, comprovou: a ossada era de Mengele.

• Suas pesquisas não contribuíram em nada com a ciência.

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