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O príncipe hindu Sidarta Gautama, o iluminado

Conheça a fascinante história do príncipe hindu, Buda.

Por Caco de Paula
Atualizado em 22 jan 2023, 15h39 - Publicado em 28 fev 2002, 22h00

Meio milênio antes de Cristo, o príncipe hindu Sidarta Gautama deixou seu luxuoso palácio e sua família para seguir os passos da mendicância, do jejum, da meditação. E acabou criando uma religião que crê no homem e que, hoje, influencia cada vez mais pessoas no Ocidente. Com você, a fascinante história de Buda e de sua doutrina

Há 3 000 anos começaram a se formar as principais filosofias e religiões que organizaram as visões de mundo do homem contemporâneo. Alguns filósofos, como o alemão Karl Jaspers, dão a essa época o nome de Era Axial. Axial diz respeito a eixo. Foi, portanto, quando o homem começou a buscar o seu eixo. Ou, segundo Jaspers, quando passamos a prestar atenção em nós mesmos. A Era Axial estende-se entre os séculos VIII e II a.C. “Nessa época, as pessoas discutiam sobre espiritualidade com o mesmo entusiasmo com que hoje se discute futebol”, diz a escritora inglesa Karen Armstrong, uma das mais respeitadas estudiosas de religião, autora de best-sellers como Maomé e Buda. Os historiadores ainda não sabem o que causou esse despertar para a religião e para a filosofia, nem por que ele se concentrou na China, no Mediterrâneo Oriental, na Índia e no Irã. Acredita-se que com as sociedades agrícolas, mais estáveis, o homem ganhou tempo extra para dedicar-se à contemplação.

O certo é que todos os sábios desse período parecem seguir um caminho comum quando conclamam seus contemporâneos a radicais mudanças em suas vidas. Do século VIII ao VI a.C. os profetas de Israel reformaram o antigo paganismo hebreu. Na China dos séculos VI e V a.C., Confúcio e Lao-Tsé chacoalhavam as velhas tradições religiosas. Na Pérsia, o monoteísmo desenvolvido por Zoroastro expandiu-se e influenciou outras religiões. No século V a.C., Sócrates e Platão encorajavam os gregos a questionar até mesmo as verdades que pareciam mais evidentes. Tudo acontecendo mais ou menos junto. E é bem no meio dessa era, no século VI a.C., que surge o criador do Budismo, uma das mais influentes religiões do mundo, hoje com quase 400 milhões de adeptos.

No caldo da primeva Era Axial, a Índia também passou por grandes transformações. Sua cultura foi dominada pelos arianos, antigos povos nômades que teriam migrado da Ásia Central 4 000 anos antes. A sociedade ariana dividia-se em castas: brahmins, os sacerdotes; ksatriyas, os guerreiros e governantes; vaisyas, os camponeses e criadores de gado; e sudras, os escravos ou marginais. O que determina a inclusão em uma dessas classes é a hereditariedade – ou seja, somente aquele que nasceu de mãe da casta bramânica podia realizar rituais e curas. Para os brâmanes, a essência do universo está em Brahman, deus primordial que se expressa em uma infinidade de outras deidades. Sua rígida espiritualidade é expressa nas escrituras sagradas conhecidas como Vedas. Na Índia dessa época, os sacerdotes tinham uma espécie de reserva de mercado. E, assim como acontecia em outras regiões, surgiu uma revolta contra esses sacerdotes e seus rituais – que incluíam sangrentos sacrifícios de animais.

Mas novos movimentos reinterpretavam as antigas tradições, procurando afastar-se desses rituais e buscar outro tipo de sacrifício, mais interno, de renúncia às coisas do mundo – aquela atenção a si mesmo descrita por Jaspers.

É nessa Índia em ebulição espiritual que surge Sidarta Gautama, o Buda. Ele nasceu em 563 a.C. em Lumbini, aos pés do Himalaia, em uma região que hoje pertence ao Nepal. Era um aristocrata, da casta ksatrya, a dos guerreiros e governantes. Seu pai, Shudodhana, era o rei do clã dos sakyas. Vem daí o outro nome pelo qual Sidarta se tornaria conhecido: Sakyamuni, ou “o sábio silencioso dos sakyas”. O pai de Sidarta, temendo que se cumprisse uma profecia segundo a qual ele se tornaria um homem santo, cercou-o de luxos e prazeres, acreditando que se o mantivesse ignorante sobre o sofrimento do mundo, iria afastá-lo do caminho espiritual. Sidarta tinha um palácio para o inverno, outro para o verão e um terceiro para a época das chuvas. Na adolescência, vivia cercado por belas moças, ocupadas em diverti-lo em seus aposentos decorados com sugestiva arte erótica. Aos 16 anos, escolheu-se uma noiva para ele, a bela Yashodhara, com quem teria um filho, Rahula.

Pouca coisa mudaria na sua vida até os 29 anos. Apesar de todo o luxo, Sidarta sentia-se infeliz. Certo dia, contra a vontade do pai, saiu para passear fora do palácio e se surpreendeu com quatro cenas que o tirariam para sempre daquela vida de prazeres. Primeiro, viu um velho arqueado, de pele enrugada, movendo-se com dificuldade. Depois, avistou um doente que sofria dores terríveis. Mais tarde, cruzou seu caminho um cortejo fúnebre. Um morto era carregado por amigos e parentes que choravam sua perda. Foi um choque e tanto para alguém que sempre vivera protegido, sem se dar conta de que tudo que nasce também se degenera, envelhece e morre. “A imagem que temos de Sidarta Gautama pelas antigas escrituras é a de um jovem às voltas com problemas existenciais, angustiado por questões ligadas ao mistério da vida”, diz o monge brasileiro Nissin Cohen, que traduziu para o português o Dhammapada, uma das mais importantes escrituras budistas.

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A quarta visão do passeio de Sidarta foi um mendigo errante, esmolando por comida. Apesar da sua pobreza, tinha porte ereto, feições radiantes e expressão de profunda serenidade. Sidarta determinou-se a também abraçar uma vida santa e a buscar uma resposta para o sofrimento que viu no mundo. Uma decisão como essa não era tão incomum na Índia daquela época. Acreditava-se que somente quando se abandona a vida doméstica e os laços afetivos para tornar-se um eremita ou andarilho é que se conseguem as respostas para a busca espiritual. Essa busca tinha um objetivo específico. A maioria da população indiana acreditava em alguma forma de renascimento ou transmigração, em um ciclo interminável que começa no nascimento, passa para a velhice, a morte e recomeça em novo nascimento. O ideal que todos desejavam era algo capaz de pôr fim a esse ciclo, que pudesse libertar o espírito desse movimento circular.

Sidarta abandonou o palácio enquanto todos dormiam. Saiu de fininho, sem ao menos se despedir da mulher e do seu pequeno filho. O príncipe logo aprendeu a dormir no chão e a esmolar por comida. Além da mendicância, a vida de filósofo-andarilho (ou sramana) incluía práticas de meditação. Na sua busca, ele se aproximou de dois famosos mestres e rapidamente chegou aos últimos estágios de absorção contemplativa propostos por eles. Mas ainda não atingira a suprema realização que buscava. Dedicou-se então à automortificação. As práticas ascéticas são comuns às formas primitivas da maior parte das religiões, inclusive no Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. O que está por trás da autoflagelação é a idéia de que um rígido controle dos sentidos desenvolve a autodisciplina e transfere o máximo de energia corporal para a atividade mental.

Durante seis anos, Sidarta experimentou privações e dores. Mudou radicalmente a alimentação, ampliando o período entre as refeições. De uma por dia, passou a uma a cada dois dias, três, quatro, até alimentar-se somente a cada 15 dias. Depois, diminuiu a quantidade até chegar à ração diária de um único grão de arroz. Simultaneamente, fazia experiências psicológicas, analisando em si mesmo certas emoções que, acreditava, só poderia eliminar completamente se as observasse em profundidade. Para analisar o medo e meditar sobre a impermanência, passava noites deitado entre cadáveres e esqueletos num cemitério. Ainda assim, não alcançara sua realização final. O próprio Sidarta descreve os efeitos dos jejuns: “Quando eu pensava estar tocando a pele do meu abdomem, era a minha coluna que eu segurava”. Abandonou essas práticas quando já era quase só pele e ossos. Sua experiência provou que a autoflagelação embota a mente em vez de favorecê-la.

Ele intuiu, então, que o caminho para a libertação não estava nos excessos de ascetismo, nem nos da sensualidade, mas em um ponto de equilíbrio entre eles. Vem daí a expressão “caminho do meio”, um dos pilares do Budismo.

Sidarta voltou a comer. Segundo conta-se, uma porção de arroz e leite oferecida por uma jovem que o encontrou quase morto à beira de um rio. Dias depois, recuperado, preparou um assento de capim sob uma figueira – que ficaria conhecida como a árvore bodhi, ou árvore da iluminação – na região de Bodhgaya, no norte da Índia. Decidiu então que ou atingiria a iluminação ali ou morreria. Mesmo para um alto praticante como ele, surgiram obstáculos. Alguns relatos os descrevem na forma de tentações e demônios, como Mara, deus indiano da morte. São imagens que simbolizam os obscuros medos reprimidos, fragmentos de memória, dúvidas, fantasias e outros conteúdos mentais tão persistentes e familiares a quem já tenha tentado alguma prática meditativa. Sidarta transpôs esses obstáculos e, serenamente, dominou todos os estágios de meditação. Como fez isso? As escrituras dizem apenas que ele permaneceu imóvel diante das investidas de Mara. Mas há uma pista nas técnicas para lidar com esses conteúdos mentais.

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Uma delas é a meditação de ponto único. Nela, a observação concentra-se em um objeto específico (a respiração, por exemplo), controlando ou suspendendo temporariamente o fluxo dispersivo de pensamentos.

Assim, Sidarta tornou-se um Buda numa noite de lua cheia no mês de maio, quando tinha 35 anos. Buda não é um nome próprio, mas uma palavra em sânscrito que significa “o Desperto” ou “o Iluminado”. Esse título passou a definir a condição de Sidarta Gautama e ficou ligado ao seu nome, da mesma maneira como o título de Cristo (“Salvador”) associou-se ao nome de Jesus.

O detalhamento dessa experiência sob a figueira tornou-se o corpo dos seus ensinamentos, cuja essência é não fazer o mal, praticar o bem e purificar a mente. Buda ampliou o conhecimento sobre a mente humana e acreditava ter descoberto uma verdade profunda que lhe permitiu viver grande transformação interior e conquistar a imunidade ao sofrimento. Depois da sua iluminação, passou 45 anos ensinando outras pessoas a fazer o mesmo e organizou comunidades de monges só homens. No início, o próprio Buda não era favorável à admissão de mulheres em sua ordem. Parece que sua preocupação era com a dispersão que a presença delas pudesse representar em uma comunidade que tinha como um de seus pilares o total controle dos desejos. Mas acabou mudando de idéia.

A grande novidade trazida por Buda em sua época foi a idéia de que a vida espiritual, como capacidade de conhecer a si mesmo, não tem nada a ver com as restrições de casta impostas pelos brâmanes. Foi um salto e tanto para a estrutura social da Índia, que aceitou prontamente essa religião tolerante. Buda diz que todos os seres humanos têm vislumbres de iluminação. Isso acontece nos momentos em que aquele insistente e auto-referente “eu” não interfere, quando a mente não se prende ao passado, não sonha com o futuro e se envolve apenas com o momento presente. Esses vívidos momentos de ligação com o aqui-e-agora contrastam com a mente habitual. Eles surgem como relances fugidios, mas podem também ser voluntariamente induzidos pelo processo meditativo. Aí está o fim do sofrimento, a iluminação, o nirvana.

A essência dos ensinamentos budistas está nas práticas meditativas, que se fundam em tradições anteriores ao próprio Buda. Na meditação busca-se cessar a atividade mental ininterrupta, na qual pensamentos e fantasias bloqueiam a experiência direta e intuitiva. Na maior parte do tempo alimentamos pensamentos que podem nos deixar ansiosos, frustrados, com mágoa, raiva, ressentimento ou medo. Tragada por esse vórtice de sensações, nossa atenção perde o foco. É por isso que, muitas vezes, comemos sem sentir o sabor do alimento, olhamos uma pessoa sem vê-la de fato. Por quase meio século, Buda viveu cercado de multidões às quais receitava antídotos para essa dispersão, como a chamada “atenção plena”, prática que consiste em dispensar o máximo de atenção a tudo o que se faz – e que está na base de várias técnicas meditativas.

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Buda morreu por volta de 483 a.C., depois de um acesso de disenteria que teria sido causado pela ingestão de carne de porco. Há algo menos divino – ou tão demasiadamente humano – do que morrer de dor de barriga? Sua doutrina foi transmitida através de numerosas linhagens de mestres que se espalharam por vários países. Quando morreu, seus ensinamentos estavam bem estabelecidos na região central da Índia. Havia muitos seguidores leigos, mas o coração da comunidade eram os monges mendicantes, os bhiksus. Sua doutrina se espalhou por uma poderosa rede de mosteiros e tomou diversas formas, adaptando-se a diferentes situações históricas e culturais. Essa característica flexível do Budismo seria determinante para sua difusão. Por ser ele mesmo mutável e impermanente, o Budismo tem um mecanismo interno que barra o fundamentalismo – risco presente em outras religiões, cuja história está manchada de sangue.

“Não deveis aceitar nada por ouvir falar, tampouco porque está nas escrituras”, disse Buda em um discurso. Como sua ênfase é a compaixão, o Budismo não define a si mesmo como solução melhor que qualquer outra. O Budismo primitivo, a rigor, nem era uma religião, mas um conjunto de práticas morais e mentais. No que diz respeito à meditação, essas práticas podem ser vistas como simples técnicas, que não implicam em compromisso com nenhum tipo de religiosidade.

Como resultado da sua expansão, cerca de 300 anos depois da morte de Buda, o Budismo já se dividia em 18 escolas. Seus ensinamentos, mantidos por transmissão oral, agora estavam escritos. Vários concílios foram organizados para dar homogeneidade às escrituras das diversas escolas. Um deles, realizado no século III a.C., resultou no chamado Cânone Páli, o registro mais antigo dos ensinamentos budistas. Pouco depois, o Budismo dividiu-se em duas tradições, cada uma delas afirmando-se como possuidora do verdadeiro sentido da palavra de Buda. A tradição Theravada, ou “à maneira dos antigos”, que se baseava exclusivamente nos textos escritos na língua páli, espalhou-se pelo sudeste da Ásia. Para o praticante Theravada, Buda não era um deus, mas sim um grande sábio. O objetivo do caminho Theravada é iluminação individual.

A outra tradição é a Mahayana (literalmente “Grande Veículo”), que se instalou sobretudo na China, Coréia e Japão. A base de seus ensinamentos também está na prática da meditação. No Budismo Mahayana, porém, Buda já não é apenas um sábio, mas uma divindade reverenciada. Assim como os chamados bodhisatvas, seres considerados iluminados, que adiam sua entrada no nirvana para poder ajudar na iluminação de outros. Foi no âmbito das escolas Mahayana que mais se desenvolveram os aspectos sobrenaturais e imaginários do Budismo. Sidarta, ou Buda Sakiyamuni, jamais se apresentou como um enviado, salvador ou reencarnação de quem quer que fosse. Nos seus discursos não há referência sequer ao fato de que existe reencarnação. Ele não disse palavra a favor ou contra a idéia de Deus.

O conceito de buda já não se restringia a Sidarta, o Buda Sakyamuni. Passou a definir um princípio fundamental de iluminação espiritual. Sakyamuni já não era mais “o” buda, mas sim “um” buda. As tradições orientais sustentam que houve muitos budas no passado e que ainda haverá muitos outros no futuro. Ampliando o conceito de que há tantos budas quanto grãos de areia, esse Budismo pop expandiu-se amigavelmente pelo Oriente, incorporando uma infinidade de arquétipos ou divindades locais (ao contrário das religiões abraâmicas, que demonizaram os deuses das culturas dominadas). Isso explica por que existem tantas imagens diferentes do Iluminado. Quando ele é representado como um asceta esquelético, refere-se ao Sidarta da fase pré-Buda. Quando mostrado como um meditador sereno, é o Buda Sakyamuni.

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Se a figura for a de um sujeito gorducho e sorridente, quase sempre trata-se de uma divindade local, geralmente símbolo de prosperidade, na China e no Japão. O mesmo ocorre com os dhianybudas, ou budas da meditação, aos quais se atribuem significados ocultos. Ou com as 21 belas figuras da jovem Tara – representação do aspecto feminino e compassivo de Buda, cultuada na tradição tibetana. Também vêm do Tibete as famosas imagens de budas em abraços sexuais com suas consortes, um símbolo da unidade entre iluminação e sabedoria.

Apesar do grande florescimento que teve em sua terra natal, o Budismo foi varrido da Índia em decorrência das invasões dos hunos no século V d.C. e dos islâmicos nos séculos XII e XIII. A corrente que mais se expandiu foi a Mahayana, por ser menos ortodoxa que a Theravada. O maior desenvolvimento do Budismo aconteceu na China, onde chegou no século I d.C., e, depois, na Coréia e no Japão. Seu encontro com as tradições chinesas deu origem à escola de meditação Ch’an e, mais tarde, no Japão, ao Zen Budismo. “Zen” é uma palavra japonesa derivada do chinês ch’an, que vem do sânscrito dhyana – técnica que, segundo a psicologia do yoga, conduz a um elevado estado de consciência em que o homem une-se com o universo. Os chineses preferiram encontrar essa união no trabalho cotidiano, em vez de na meditação solitária numa floresta, como o próprio Sidarta.

O Zen é um dos mais importantes herdeiros da vertente Mahayana -– só equiparado pela corrente Vajrayana, que se desenvolveu no Tibete. Chamado de “Caminho do Diamante”, o Vajrayana tem suas origens encravadas em textos budistas do século II, registrados nos chamados tantras, escrituras esotéricas sobre a transformação da mente através de meditações, visualizações e ritos. Essa linha surgiu no norte da Índia há cerca de 2 000 anos e hoje é seguida pela tradição tibetana.

O Budismo só penetraria no Ocidente a partir do século XIX, com o estudo das culturas da Índia e a publicação de O Mundo como Vontade e Idéia. Nesse livro, o alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860), que influenciaria muitos outros filósofos, como Friedrich Nietzsche, mergulha nos ensinamentos budistas. O Budismo também chegou à Europa e à América junto com os imigrantes chineses e, depois, japoneses. Mas foi somente com a chegada de mestres Zen, nos anos 30 do século XX, que algumas das principais idéias budistas começariam a ter maior difusão ocidental. Para a mentalidade judaico-cristã, que tem sua solução religiosa na pessoa externa de um pai divino, um grande motivo de estranhamento – e de fascínio – causado pelo Budismo talvez seja a idéia de um caminho espiritual que depende, em última instância, apenas do esforço de cada pessoa. O Budismo sustenta que o mundo é uma projeção da mente e que, portanto, o homem não poderá encontrar no exterior aquilo que não possua dentro de si mesmo.

Nos anos 40 e 50, os livros sobre Zen escritos pelo inglês Alan W. Watts (1915-1973) influenciaram os escritores da geração beat, como Jack Kerouac e Allen Ginsberg, gurus dos movimentos que iriam chacoalhar os anos 60, como a contracultura e os hippies. Com a invasão do Tibete pela China, em 1959, e a Guerra do Vietnã, nos anos 60, mestres budistas desses países migraram para o Ocidente, onde abriram vários centros de meditação. Estava traçado o caminho que levaria o Budismo para a Califórnia e os estúdios de Hollywood, atraindo adeptos de classe média alta, além de muitos artistas e terapeutas. Diferentemente do que aconteceu na primeira metade do século XX, quando Zen era sinônimo de Budismo no Ocidente, nas últimas décadas o ramo que mais se difundiu foi o Budismo tântrico do Tibete. Algo que ajudou muito nessa divulgação foi a figura sorridente do Dalai Lama, líder do Tibete no exílio, que já era famoso bem antes de ganhar o Prêmio Nobel da Paz em 1989, de dançar no palco com a banda de punk-rap Beastie

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Boys em shows pela libertação do Tibete, ou de percorrer o mundo falando de espiritualidade. Inclusive no Brasil, onde um dos organizadores de suas visitas é o gaúcho Alfredo Aveline, ou lama Padma Santem (lama é a palavra em tibetano para “mestre espiritual”). Aveline dá uma pista de como essa linha espiritual pode ajudar o homem do século XXI, ao falar da importância do desapego como uma forma de evitar o sofrimento: “A impermanência paira sobre sua cabeça nas relações, no emprego, na sua saúde, no seu endereço, no seu celular, na sua aparência, nas suas aptidões, no afeto. Essa é a vida a que todos estão submetidos. No Budismo, o objetivo é ultrapassar essas limitações. Não estamos dizendo que buscamos distância dessa experiência limitada, mas nosso objetivo é libertarmo-nos dos processos sutis que a criam para ajudar os outros seres a fazer o mesmo e superar as frustrações inevitáveis do processo”.

Dizem que Buda previu que sua ordem duraria muito menos se tivesse a participação de mulheres. Se realmente fez isso, talvez esteja aí um raro equívoco cometido pelo Iluminado. Hoje o que se vê é uma presença cada vez maior de mulheres na pregação da sua doutrina. Às vezes, numa mesma semana na capital paulista, quatro mulheres budistas de diferentes escolas e linhagens costumam atrair grande público para suas palestras: a inglesa Lama Caroline, da escola tibetana Gelupa; a americana Lama Tsering, da escola tibetana Ningma; a monja chinesa Chueh Chen, da escola Ch’an; e a brasileira monja Coen, formada nas tradições japonesas do Soto Zen. Quem quiser entender por que o Budismo exerce tanta atração no Ocidente precisa ver como elas consquistam sua audiência, geralmente de jovens, em torno da idéia da compaixão.

“Houve uma geração que quebrou todos os seus valores e hoje mergulha na busca espiritual”, diz a monja Cláudia Coen, que todos os dias orienta grupos de meditação em São Paulo. “Como as técnicas funcionam independentemente da religião de quem as pratica, tem despertado o interesse também de judeus, cristãos e muçulmanos.”

Mas, afinal, o que fez o Budismo ser tão bem-aceito no Ocidente? Numa palavra, poder-se-ia dizer que é seu caráter de auto-ajuda, conceito que, nesse caso, nada tem a ver com manuais de comportamento, mas sim com a certeza de que todas as respostas para os problemas do homem estão dentro dele mesmo.

Budismo para principiantes

A essência da doutrina deixada por Sidarta Gautama baseia-se em uma série de conceitos mais filosóficos, éticos e psicológicos do que religiosos. Aqui estão os principais deles:

AS QUATRO NOBRES VERDADES

Sofrimento

É a característica básica da nossa existência. Tudo é sofrimento: nascimento, doença e morte; encontrar algo não apreciado; não obter o que se deseja, separar-se de algo desejado.

Origem do sofrimento

Sua causa está nos anseios, nos desejos, no apego e na sede de satisfação dos sentidos. Tudo isso prende as pessoas ao ciclo da existência (samsara).

Cessação do sofrimento

Pela eliminação dos desejos e do apego pode-se extinguir o sofrimento.

Caminho que leva à cessação do sofrimento

Para os budistas da linha Theravada, o meio de pôr fim ao sofrimento é o Nobre Caminho Óctuplo. Para os budistas da linha Mahayana, são as Seis Perfeições.

O NOBRE CAMINHO ÓCTUPLO

1. Compreensão correta, baseada no entendimento das Quatro Nobres Verdades e na consciência de que não existe um “eu” individual: tudo está interligado.

2. Atitude correta, favorável à renúncia e à boa vontade, buscando não prejudicar os seres sensíveis.

3. Fala correta: evitar mentir, caluniar e bisbilhotar.

4. Ação correta: evitar, sobretudo, matar, roubar e praticar sexo ilícito (estupro e pedofilia, por exemplo).

5. Modo de vida correto: evitar profissões que causem sofrimento aos outros, como caçador ou fabricante de armas.

6. Esforço correto: pensar antes de agir, cultivando pensamentos, palavras e ações nobres.

7. Atenção correta: percepção contínua do corpo, dos sentimentos e dos objetos de pensamento.

8. Concentração correta: o cultivo de uma mente tranqüila, que encontra seu ponto mais elevado na absorção meditativa.

AS SEIS PERFEIÇÕES

1. Generosidade

2. Paciência

3. Ética

4. Esforço entusiástico

5. Concentração

6. Sabedoria

OUTROS CONCEITOS-CHAVE

Buda provavelmente falava num dialeto chamado maghadi e seus ensinamentos foram registrados na língua páli. Salvo exceções indicadas, os termos a seguir estão na forma como foram transliterados do sânscrito ou na maneira como foram incorporados à língua portuguesa.

Ahimsa

“Não-violência”. É a base ética do Budismo.

Anatman

“Não-eu”. Para o Budismo, não existe um “eu”: cada um de nós é uma soma de várias experiências de vida, em eterna mutação. Ignorar isso é a principal causa do sofrimento.

Arhat

“Santo”. Pessoa que atingiu a iluminação quase completa. O ideal do caminho Theravada.

Bhiksu

Monge mendicante que entrou para a vida errante.

Bodhisatva

Ser que aspira à condição de Buda pela prática das seis perfeições e que se compromete a abrir mão do nirvana até que tenha levado todos os seres sensíveis à iluminação. É o ideal do caminho Mahayana.

Carma

“Ação”. É a lei de causa e efeito que rege o universo. Não significa destino no sentido fatalista, mas sim o que recai sobre cada um como resultado do seu comportamento.

Darma

“Doutrina”. O termo Budismo é uma invenção ocidental para o que os budistas chamam de Buda-darma: ensinamento de Buda; lei cósmica; caminho para o nirvana.

Impermanência

Transitoriedade da matéria, do pensamento, do corpo humano e da própria idéia de “eu”. Como todas as coisas são impermanentes, nos escapam tão logo tentamos possuí-las. A frustração desse desejo de posse é a causa imediata do sofrimento.

Mahayana

“Grande veículo”. É um dos caminhos do Budismo. Inclui a maior parte das escolas existentes.

Lama (tibetano)

“Ninguém acima”. Significa guru, mestre espiritual.

Nirvana

“Extinção”, “apagamento”. É a meta da prática espiritual. Não deve ser entendida como aniquilação, mas sim como entrada em outra forma de existência. Psicologicamente, é um estado de grande liberdade e espontaneidade. “O nirvana nos ensina que já somos aquilo que queremos nos tornar”, diz o monge vietnamita Thich Nhat Hanh.

Samsara

“Roda do sofrimento”. Ciclo que rege a inquieta existência humana e se alimenta de apego, desejos, ódio e ilusão. É nele próprio que se deve procurar sua extinção – ou nirvana.

Sunyata

“Vazio”, “vácuo”. Conceito segundo o qual todas as coisas – incluindo você, leitor – não contêm essência, apenas aparência.

Tendrel (tibetano)

“Interdependência”. Tudo depende de outra coisa. Observador, observação e objeto observado são partes de um só movimento.

Theravada

“À maneira dos anciãos”. Uma das principais escolas do Budismo, é a mais tradicionalista.

Vajrayana

“Veículo do diamante”. Caminho tântrico e ocultista do Budismo.

A árvore da sabedoria silenciosa

Ao longo dos últimos 2 500 anos, os ensinamentos de Buda floresceram em dois ramos principais.

O primeiro – Theravada, ou Hinayana, “Caminho Estreito” – para os puristas e ortodoxos, foi para um lado. O segundo – Mahayana, “Grande Caminho” –, aberto a todas as experimentações, foi para o outro e se multiplicou em uma espantosa variedade de movimentos e escolas espiritualistas, inclusive no Ocidente

Talibã VS. Buda

Em março de 2001, os islâmicos fundamentalistas do Afeganistão dinamitam duas estátuas de Buda, de 40 e 50 metros de altura, erguidas entre os séculos III e V

Budismo pop

Após o movimento beat e a imigração de mestres orientais para os Estados Unidos, principalmente para a Califórnia, toda a cultura pop presta tributo a Sidarta: dos Beatles ao Nirvana, de Bowie aos Beastie Boys

Beat Generation

As filosofias orientais – principalmente o Zen Budismo – foram uma das principais influências dos escritores da geração beat, como Jack Kerouac, que nos anos 50 adubaram as raízes da contracultura e do movimento hippie

Hollywood

Richard Gere, o galã de Gigolô Americano e Uma Linda Mulher vira amigão do Dalai Lama – e um dos mais influentes garotos-propaganda de Buda no Oeste. Não tarda para Hollywood lançar superproduções budistas: O Pequeno Buda (com Keanu Reeves pintado de moreno jambo na pele de Sidarta ), Sete Anos no Tibete (Brad Pitt de nazista convertido ao Vajrayana) e Kundun (biografia do Dalai, dirigida por Scorsese – ambos na foto com Gere)

Nos anos 90, os livros do Dalai Lama tornam-se best-sellers no Ocidente

Em 1989, o Dalai Lama recebe o Nobel da Paz

Refugiados tibetanos e vietnamitas abrem centros de meditação na Europa e nos Estados Unidos

Arthur Schopenhauer

(1788-1860) O filósofo alemão foi o introdutor do Budismo no Ocidente, influenciando, entre outros, Nietzsche e Freud

Em 1959, no Tibete invadido pelo Exército chinês, mais de 87 000 pessoas são mortas. O Dalai Lama transfere-se para a Índia, onde forma uma comunidade tibetana no exílio

Brasil

Cresce no Brasil o interesse pelo Budismo, que vira capa da Super

Nos anos 70 surgem vários mosteiros Theravada na Europa

Louca sabedoria

Para seus praticantes, espiritualidade e prazer não são coisas separadas. Sua conduta não exclui nada que possa parecer irreligioso, como sexo e embriaguez levados às últimas conseqüências

1 – Theravada (Séc. II a.C.)

O Theravada tem hoje 125 milhões de adeptos (38% dos budistas) em Sri Lanka, Birmânia, Laos, Tailândia e Camboja. O movimento segue as antigas escrituras na língua páli, na qual foram registrados os primeiros documentos budistas. Sua prática enfatiza a busca da iluminação individual. O nome Hinayana (Pequeno Veículo), comumente atribuído a eles, foi criado pela corrente Mahayana e não é aceito pelos Theravada

2 – Mahayana (Séc. II a.C.)

A corrente principal do Budismo tem hoje 185 milhões de adeptos (56% do total). O Mahayana (Grande Veículo) abriga várias escolas e linhagens. Não professa o caminho individual mas “a iluminação em benefício de todos os seres”. É aberto a diferentes crenças e ritos devocionais e enfatiza a prática da compaixão

3 – Vajrayana (Séc. II)

Essa linha tem hoje 20 milhões de adeptos (6% dos budistas), principalmente nos países do Himalaia: Tibete, Butão, Nepal e Mongólia O Vajrayana (Veículo do Diamante) surgiu no norte da Índia e, mais tarde, chegou à China, ao Japão e ao Tibete. Prosseguimento dos métodos Theravada e Mahayana, tem suas origens nos tantras, escrituras esotéricas que ritualizam diversas práticas para a transformação da mente

4 – Zen

Desenvolve-se a partir do século XII no Japão, buscando o máximo de simplicidade e desprezando o intelectualismo e os aspectos sobrenaturais e ritualísticos das religiões. Cada ato do cotidiano deve ser uma meditação. Essa mentalidade criou artes e disciplinas especiais para desenvolver a concentração, como jardinagem, arranjos florais e outras modalidades. Veja ao lado

Pintura

O que mais importa é o espaço vazio, buscando o máximo de expressividade com o mínimo de pinceladas

Poesia

Sua forma tradicional está nos haikai, poemas curtíssimos como este clássico de Mitsuo Bashô:

Koans

São uma espécie de pegadinhas, sem respostas lógicas, usadas para treinar a mente: “Que som é produzido quando se bate palmas com uma mão só?”

Cerimônia do chá

Preparar essa bebida tão simples torna-se um ritual de atenção plena e absorção em quietude espiritual

Japão

Presente no país desde 621, o Budismo dá origem a várias escolas e seitas, nas quais se mistura ao Xintoísmo – grupo de antigas religiões locais. A escola que mais se expandiria no Ocidente é a Zen

China

O Budismo chega ao país no século I e funde-se à religiosidade local. Nas novas escolas que surgem, nem sempre se percebe onde acaba o Budismo e onde começa o Taoísmo – doutrina de Lao Tsé, para quem o Tao, “fluxo natural”, é a essência do universo. A escola Ch’an (Meditação) é uma espécie de avó do Zen Budismo

Tibete

No século VIII, o Budismo Vajrayana funde-se com as religiões xamânicas do Tibete, altamente ritualizadas. O Budismo tibetano organiza-se em quatro escolas principais, formadas por várias linhagens (Nyingma, Gelupa, Kagyiu e Sakya)

Sidarta Gautama, O Buda (563 a.C. – 483 a.C.)

Duzentos anos depois da morte de Buda, ainda na Índia o Budismo se divide em dois movimentos: Mahayana e Theravada seguem os sutras, discursos feitos por Sidarta. Quatro séculos depois, surge um terceiro movimento (Vajrayana) com base nos tantras, ensinamentos secretos também atribuídos ao Buda

A trilha do mestre

Os caminhos percorridos pelo Buda em vida vão do Nepal ao nordeste da Índia

1. Lumbini

Sidarta Gautama nasceu na primavera de 563 a.C. no antigo reino dos sakyas – região que hoje pertence ao Nepal

2. Kapilavastu

Aqui ficava o palácio onde, durante 29 anos, o príncipe Sidarta desfrutou de uma vida de luxo e prazeres – até abandoná-la para partir em sua busca espiritual

3. Uruvela e Bodhgaya

Depois de seis anos jejuando e meditando em Uruvela, ele deslocou-se para Bodhgaya, uma região próxima. Esse local tornou-se o maior centro de peregrinação budista, pois foi onde Sidarta atingiu a iluminação

4. Sarnath

Foi em Sarnath (perto da atual Varanasi), que Buda fez seu primeiro discurso depois da iluminação e revelou as Quatro Nobres Verdades, base da sua doutrina

5. Rajgir

Aqui Buda recebeu apoio de comerciantes e da realeza, o que permitiu fundar mosteiros que se tornaram os principais centros de difusão de seus ensinamentos

6. Nalanda

Construída no tempo de Buda e fortemente influenciada por sua doutrina, Nalanda foi uma das primeiras universidades do mundo. No seu apogeu, teve 1 500 professores de disciplinas como gramática, filosofia, astronomia e medicina. Foi destruída pelos muçulmanos no século XIII

7. Kushinagar

Foi nessa região, hoje ocupada pelo Nepal, que o Buda morreu, aos 80 anos, em 483 a.C. Segundo seus discípulos, ele teria atingido o que chamam de mahaparinirvana (“grande cessação da existência”). Suas últimas palavras: “Tudo é impermanente”

Budismo à brasileira – a terceira onda

O Brasil tem algo entre 300 000 a 500 000 budistas, reunidos em 160 diferentes grupos. No livro O Budismo no Brasil, a ser lançado neste semestre, o alemão Frank Usarski, doutor em Ciência da Religião pela Universidade de Hannover, Alemanha, e professor da PUC de São Paulo, identifica três ondas de crescimento dessa linha espiritual no país. Na primeira, imigrantes chineses, japoneses e coreanos já trouxeram a religião com eles. Na segunda, nos anos 60, brasileiros de origem não-asiática, sobretudo intelectuais, se converteram ao zen-budismo. A terceira onda, que começou nos anos 70 e está quebrando na praia agora, é a do Budismo tibetano, ou Vajrayana. Seus adeptos usam técnicas para combater o que chamam de “manchas mentais”, como apego ou orgulho. “Para cada uma delas, a meditação sugere um antídoto, como generosidade para anular a avareza ou paciência para enfrentar a raiva”, diz a terapeuta Bel César, fundadora do Centro Shi De Choe Tsog, de São Paulo.

Um dos responsáveis pelo centro é Lama Michel, 20 anos, que, desde a infância é considerado um tulku, ou reencarnação de um mestre tibetano. Filho de um judeu e de uma presbiteriana (a própria Bel) que adotaram o Budismo, Lama Michel é um exemplo de como essa terceira onda deu um novo rumo a praticantes de tradições religiosas já arraigadas. Não é o único. Segyu Rinpoche, do Centro Je Tsongkhapa, de Porto Alegre, era médium de umbanda no Rio de Janeiro até ser oficialmente reconhecido como um tulku.

Para saber mais

NA LIVRARIA

Buda, Karen Armstrong, Objetiva, Rio de Janeiro, 2001

Buda, Jorge Luiz Borges e Alicia Jurado, Difel, Rio de Janeiro, 1977

O Pequeno Buda: Entrando na Correnteza, Samuel Bercholz e Sherab Chodzin Kohn, Siciliano, São Paulo, 1994

Introducing Buddha, Jane Hope e Borin Van Loon, Icon Books, Cambridge, 1999

A Essência dos Ensinamentos de Buda, Trich Nhat Hanh, Rocco, Rio de Janeiro, 1998

O Espírito do Zen, Alan W. Watts, Cultrix, São Paulo, 1995

O Livro Tibetano do Viver e do Morrer, Sogyal Rinpoche, Talento-Palas Athena, São Paulo, 1999

The Story of Buddhism: A Concise Guide to Its History and Teachings, Donald S. Lopez Jr., Harper San Francisco, 2001

Dhammapada, a Senda da Virtude, Palas Athena, 2000

NA INTERNET

https://www.buddhanet.net/budnetp.htm

https://www.dharmanet.com.br/index.html

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