Se você é fã de quadrinhos, a resposta está na ponta da língua. Ou melhor, na força sobre-humana, enorme irritação e cor esverdeada do Hulk. Fora da ficção, o raio gama deixa seus poderes de lado e volta a ser só radiação eletromagnética. Isto é, transmite energia pelo espaço na forma de ondas, com emissão de partículas ou componentes magnéticos. São como os raios X e de luz, com pequena diferença. “A radiação gama vem sempre de um material radioativo – como cobalto 60 ou urânio – e os raios X, de uma máquina elétrica. O raio X você desliga; a radiação gama, não”, afirma Dirceu Martins Vizeu, diretor científico da Embrarad (Empresa Brasileira de Radiações). Há também diferença no comprimento das ondas e na quantidade de energia emitida. Quanto menor o comprimento, mais energia é irradiada. Isso faz o gama a fonte mais potente do espectro eletromagnético. Sua partícula, por exemplo, transporta 10 mil vezes mais energia que a partícula de luz. E sua radiação consegue atravessar camadas e mais camadas de concreto pelos espaços reais que existem entre os átomos e moléculas. A radiação gama funciona provocando ionizações. Ao encontrar um elétron, ela o retira da órbita, obrigando o restante do átomo a se rearranjar. Esse processo gera fótons de radiação gama. Provoca, assim, uma reação em cadeia, que pode afetar a estrutura química das células do corpo. Uma exposição muito prolongada traria, então, muitos problemas: de dores de cabeça, passando por mutações nos órgãos e membros, até chegar à morte. Os poderes ficam mesmo só no personagem e na imaginação de Stan Lee, criador do Hulk.