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O torturador oficial do Caribe

Johnny Abbes García entrou para a galeria da infâmia como ícone de ditaduras sangrentas na República Dominicana e no Haiti

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h23 - Publicado em 22 jan 2011, 22h00

Maíra Termero

Cruel, sádico e carniceiro são adjetivos que costumam acompanhar o nome de Johnny Abbes García. A fama de mau foi construída entre 1960 e 1961, período curto porém intenso em que chefiou o Serviço de Inteligência Militar (SIM), órgão de espionagem e tortura de Rafael Trujillo, ditador da República Dominicana por 3 décadas.

Seu currículo anterior não indicava essa guinada profissional. Filho de um contador alemão e uma carola local, García foi cronista esportivo, locutor de hipismo e secretário no Comitê Olímpico Dominicano. Celebridade local, passou a frequentar a corte de Trujillo. Em uma noite de 1957, empolgado em um evento, soltou um tiro comemorativo que lhe valeu ordem de prisão dada pelo próprio “Pacificador da República”. Começava ali seu reposicionamento no mercado.

Exilado no México, passou a trabalhar como agente duplo: fingia apoiar os inimigos de Trujillo no exterior e supria-o com informações sobre eles. Logo ganhou confiança do Generalíssimo, galgando postos até chegar, em 1960, a chefe do SIM. Seu primeiro ato daria o tom dos seguintes: mandou prender 132 supostos conspiradores.

Por suas ordens ou mãos, prisioneiros foram jogados vivos aos tubarões do Caribe, depois de sofrerem com queimaduras de cigarro e terem as unhas, a língua e os olhos arrancados. Dizem que García circulava pelos palácios oficiais com um caderninho sempre em mãos. Em suas páginas, torturas sortidas, da China antiga à Alemanha nazista, declamadas entre risadas. O torturador tinha especial predileção por traquitanas elétricas para dar choques em intensidades e locais variados. Alguns autores juram que ele empregava um anão, Bola de Nieve, encarregado de arrancar os testículos dos presos políticos com os dentes.

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Em 1961, Trujillo foi assassinado e a chapa esquentou para seu torturador oficial. Nomeado cônsul no Japão — na prática, outro exílio —, Johnny nem assumiu o cargo. Caiu no turismo clandestino de mala bem cheia, o suficiente para anos de viagens entre Canadá, França e Suíça, até ser requisitado por outro ditador da ilha de onde saíra.

Em 1966, assumiu como “assessor de segurança” de François Duvalier, o Papa Doc, senhor messiânico e sanguinário do Haiti. Mas não demorou para que García passasse a conspirar contra seu novo tutor – não famoso pela sua compreensão. Além disso, há indícios de que o novo presidente dominicano, Joaquín Balaguer (cria e traidor de Trujillo), teria pedido gentilmente que Duvalier se livrasse de Johnny, uma incômoda memória.

García foi executado em 1967, junto com a esposa, as duas filhas pequenas e a empregada, em sua própria casa, explodida em seguida.

 

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Grandes momentos

• García também brilhava no campo da diplomacia, aparelhando o corpo diplomático dominicano com torturadores e assassinos, encarregados de missões especiais.

• Em 1960, o então presidente da Venezuela, Rómulo Betancourt, escapou de um atentado à bomba concebido por Johnny Abbes García.

• Segundo Gerry Hemming, que liderou ações da CIA contra Fidel Castro, em 1963 García teria participado de um encontro no Haiti para financiar o atentado que matou Kennedy. O objetivo era se vingar de um suposto envolvimento da CIA no assassinato de Trujillo.

 

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