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Os Malditos – Clube dos meninos bilionários

Almofadinha universitário criou uma sociedade na qual só entrava quem dissesse ser capaz de matar para fugir com US$ 1 milhão

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h25 - Publicado em 25 fev 2011, 22h00

Texto Willian Vieira

Ostentando carrões, festas e aparente sucesso, Joe Hunt convenceu dezenas de pessoas a dar dinheiro a seu clube de investidores mirins. O que ele mais queria: grana e admiração. Nem que, para isso, devesse varrer alguém do caminho.

Hunt nasceu no Halloween de 1959, na Califórnia. Aluno brilhante, logo se mostrou competitivo e calculista. Pouco depois de ser admitido no curso de administração, aos 19 anos, virou o mais jovem aluno da universidade a receber certificado da Associação dos Contadores – o que ele aumentou: disse ser o mais jovem de toda a Califórnia.

Mas Hunt queria mais que reconhecimento. Queria ficar rico depressa. Mudou-se para Chicago com o pai, onde passou a frequentar a bolsa. Em um de seus golpes, convenceu os pais de um amigo a dar-lhe US$ 150 mil para investir. Perdeu tudo. Mas e daí? Logo arranjaria grana para abrir uma firma de investimento, o Clube dos Garotos Bilionários (BBC, da sigla em inglês). Lá os mais talentosos e inteligentes tomavam as decisões pelos outros. Adivinhe quem era o líder.

Quem quisesse participar precisava fazer um teste. A primeira pergunta: “Você mataria alguém se pudesse se safar com US$ 1 milhão?”

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Não? “E se fosse para salvar a sua mãe?” Sim? “Então você não pode dizer que exista uma linha que você nunca cruzaria.” Era esse seu arcabouço moral para justificar o que viria. Cerca de 30 pessoas entraram para o BBC.

Investidores passaram a colocar grana no BBC. Mas Hunt tinha mais talento para gastar que para ganhar. Endividado com aluguéis, festas, motocicletas e carros, planejou associar-se ao megaestelionatário Ron Levin.

A história é tragicômica. Levin teria levantado uma linha de crédito de US$ 5 milhões com uma corretora para que Hunt fizesse o dinheiro render (lucros seriam divididos). Hunt, de fato, investiu bem e “lucrou” cerca de US$ 8 milhões. O problema é que foi tudo uma farsa: Levin tinha dito à corretora que estava fazendo um documentário sobre negociação de commodities. Nenhum movimento financeiro que Hunt fizesse deveria ser executado. Nada jamais saiu do papel.

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Hunt não gostou nem um pouco do joguinho. Com o ego ferido, mandou um segurança matar Levin.

No BBC, parecia tudo igual (inclusive as festas). Até que o jovem iraniano Reza Eslaminia foi a uma delas. Ficou tão impressionado com a ostentação que decidiu entrar para o grupo.

Reza era a solução para a crise: sequestrariam seu pai, um milionário enriquecido com tráfico de ópio, segundo ele. Só que o velho morreu na ação. E Hunt, após desovar o corpo, descobriu que a fortuna era balela do iraniano. Para piorar, não só a polícia estava na sua cola como também os investidores pediam o dinheiro de volta.

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Mas nem deu tempo de processá-lo. Um membro do BBC se entregou e contou a verdade sobre Hunt – que, a essa altura, torrava US$ 70 mil por mês.

Julgado aos 26 anos, Hunt foi condenado à prisão perpétua. Ao ouvir o veredicto, olhou para a família e deu de ombros. Foi toda a emoção que pôde expressar. Parecia pensar que teria valido a pena (cada mentira, cada morte) se o clube – e o seu grande sonho – não tivesse acabado. Mas acabou.

 

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