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Ossos humanos viravam instrumentos musicais e relíquias na Idade do Bronze

Novo estudo descobriu que, há mais de 4 mil anos, era costume manter objetos feitos de ossos humanos por gerações para honrar a história dos mortos.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 2 set 2020, 19h31 - Publicado em 2 set 2020, 19h10

Na Idade do Bronze, era comum que ossos de humanos mortos fossem guardados e preservados como relíquias por outras pessoas, que chegavam a passar o objeto de geração em geração, segundo revelou um novo estudo. Usando datação por radiocarbono e tomografia computadorizada para estudar ossos antigos encontrados na Europa, cientistas da Universidade de Bristol descobriram mais sobre os estranhos costumes funerários de nossos ancestrais distantes.

Em um caso específico, um pedaço do fêmur de um humano foi usado para fazer um instrumento musical de sopro, parecido com uma flauta rústica. Esse objeto foi encontrado enterrado junto com os restos de um homem em uma cova na cidade de Wiltshire, na Inglaterra, que também tinha consigo outros artefatos, como machados de pedra e bronze, uma placa também feita de ossos, e outros objetos de cerâmica – tudo isso está atualmente em exposição no Museu de Wiltshire. No estudo, os pesquisadores usaram datação por radiocarbono no instrumento musical, e os resultados sugeriram que os ossos que o compunham eram provavelmente de alguém que conviveu com o homem enterrado.

Os pesquisadores repetiram os testes com outros objetos feitos de ossos humanos encontrados em túmulos antigos, e descobriram que eles provavelmente eram relíquias que passavam de geração em geração até serem enterrados juntamente com algum de seus donos. “Após a datação por radiocarbono de restos humanos da Idade do Bronze e de outros materiais enterrados com eles, descobrimos que muitos dos objetos haviam sido enterrados após um tempo significativo da morte da pessoa, sugerindo uma tradição de manter restos humanos”, explica Thomas Booth, autor do estudo, em comunicado.

As descobertas, publicadas na revista Antiquity, podem soar macabras e assustadoras para os padrões modernos – revelando uma profunda diferença entre como lidamos com a morte hoje e como ela era vista há 4,5 mil anos. Além de enterrar os objetos feitos de ossos humanos como oferendas para os mortos, essas relíquias também eram mantidas no dia a dia das pessoas, incluindo dentro de casas ou em exibição para a comunidade como um todo. “Isso sugere que as pessoas da Idade do Bronze não viam os restos mortais humanos com a sensação de horror ou nojo que sentimos hoje”, diz Joanna Brück, pesquisadora principal do estudo.

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De fato, o costume parecia servir para honrar a memória e a história de pessoas que desempenharam algum papel importante, sejam familiares, amigos, lideranças das comunidades locais ou mesmo inimigos, sugerem os pesquisadores. Estudos anteriores já haviam evidenciado que pessoas da Idade de Bronze praticavam uma série de ritos funerários, como sepultamento, cremação e mumificação, mas o novo estudo mostra que os costumes de honrar e lembrar os mortos extrapolavam os protocolos funerários, e também estavam presentes no cotidiano dessas sociedades como algo normal.

Além de datar os objetos, a equipe utilizou tomografia computadorizada para analisar a composição química dos ossos encontrados para tentar descobrir os métodos utilizados em sua manipulação. Os resultados mostraram que não havia um padrão exato de retirada dos ossos do corpo dos mortos: alguns eram cremados, outros eram deixados para decompor a céu aberto e outros eram retirados na marra dos corpos.

“Isso sugere que não havia um protocolo estabelecido para o tratamento de corpos cujos restos mortais eram destinados à curadoria, e as decisões e os ritos que levaram a essa curadoria ocorreram posteriormente”, explica Booth.

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