Pesquisadores reconstituem a morte brutal de um jovem de 700 anos atrás
Usando técnicas forenses ultramodernas, os cientistas-detetives desvendaram como foi o assassinato: com quatro golpes de espada.
Uma equipe de pesquisadores italianos usou ferramentas atuais para resolver um caso de assassinato bem antigo. Com técnicas forenses dignas de profissionais contemporâneos, os cientistas descobriram que a vítima, um jovem de entre 19 e 24 anos que viveu há mais de 700 anos, fora golpeado na cabeça quatro vezes com uma espada.
Em seu estudo, o grupo descreve como usou scans de raios X em 3D, tomografia computadorizada e microscopia digital de precisão para entender melhor os eventos que levaram à morte do jovem medieval.
Além de deduzir a idade da vítima, os pesquisadores conseguiram inferir outras coisas. Devido à sua musculatura similar à de arqueiros, ele poderia estar habituado ao uso do arco e flecha desde tenra idade – possivelmente um sinal de que costumava caçar por esporte. A partir de uma ferida cicatrizada na testa, eles também supõem que o jovem tinha experiência anterior em guerra ou combate.
Os raios X, tomografia e microscopia digital permitiram que os pesquisadores criassem um crânio virtual, que ajudaria a revelar a provável sequência de fatos anteriores à morte. Examinando a localização e o ângulo das feridas no crânio, o jovem provavelmente foi atingido primeiro na frente, na parte superior da cabeça, por uma arma de lâmina, presumivelmente uma espada, enquanto enfrentava seu agressor. Como a ferida não era profunda, a vítima talvez tenha usado um escudo para desviar o golpe.
Ele até tentou se virar e fugir, mas não conseguiu e foi atingido novamente na cabeça, desta vez por trás, perto da orelha. Uma terceira espadada o acertou na nuca. Nessa altura, os fortes golpes já teriam sido suficientes para derrubar o jovem, inconsciente, no chão.
Na parte de cima, atrás da cabeça, foi aplicado um quarto e derradeiro golpe – e a vítima estava morta. A profundidade da ferida sugere que o jovem já não estava mais tentando afastar seu agressor, e que o assassino estaria realmente determinado a matá-lo.
O esqueleto foi descoberto em 2006 na igreja de San Biagio em Cittiglio, uma pequena cidade na província de Varese, no norte da Itália. Na época, alguns dos ferimentos já tinham sido identificados, mas o caso permaneceu arquivado até então.
Acredita-se que as partes mais antigas da igreja tenham sido construídas no século 8º; contudo, o corpo da vítima foi encontrado em uma tumba em um átrio criado posteriormente, já no século 11. A datação por radiocarbono indica que ele foi enterrado ali antes de 1260 d.C.
Os pesquisadores vasculharam os registros históricos atrás da identidade da vítima, mas não encontraram nada. Seu enterro pomposo, no entanto, sugere que ele possa ter sido membro da poderosa família De Citillio, que originalmente estabeleceu a igreja na cidade.