Sim, Platão era um apaixonado, mas seu amor era a filosofia. Mas é bom esclarecer que a expressão amor platônico sofreu uma distorção com o passar do tempo. Hoje, se usa o termo para um amor não realizado, idealizado, a distância, mas não é bem isso que Platão quis dizer. O conceito foi apropriado pelo cristianismo, o que pode explicar por que o ato sexual saiu da jogada (verdade seja dita, nada mais anti-grego do que um amor sem sexo). Platão fala em “amor ao belo” e não se refere apenas ao amor entre duas pessoas, como o termo está associado hoje. Platônico era o amor pelo país, pela justiça, pelos ideais éticos, pelo que for – o filósofo falava em conciliar os muitos amores. Amar é o que nos leva a conhecer a essência das coisas, as formas puras que Platão acreditava existir no mundo das ideias – ao qual seria possível ascender por meio do intelecto. Ou seja, amor platônico é aquele que nos impulsiona a ir além do sensível, a elevar a alma em busca da verdade – por isso que, para Platão, o filósofo é um ser apaixonado.