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Por que o Papa é enterrado em três caixões?

A tradição dizia que os líderes da Igreja deveriam ser enterrados em três caixões – de cipreste, chumbo e carvalho – como uma matriosca. Francisco mudou isso.

Por Eduardo Lima
24 abr 2025, 14h00

O Papa Francisco faleceu na última segunda-feira, 21, mas seu funeral só vai acontecer no sábado, 26. O bispo de Roma será enterrado na Basílica de Santa Maria Maggiore, fora do Vaticano mas ainda em Roma. Seu corpo pode ser visitado até sexta-feira, 25 – mas sem a plataforma elevada e a pompa que caracterizaram muitos funerais papais anteriores.

Depois disso, seu caixão será fechado para os ritos. O caixão é parte importante dos funerais papais. Na verdade, é melhor falar “os caixões”, no plural: os Papas são enterrados em três deles. Cada um é feito de um material diferente chumbo, cipreste e carvalho – e eles se encaixam um dentro do outro, como uma boneca russa.

Ou pelo menos era enterrados assim antes de Francisco. O Papa mudou algumas das regras de sepultura e simplificou os rituais funerais, que não contará com três caixões. Jorge Mario Bergoglio, o argentino que virou pontífice em 2013, será sepultado em um único caixão, de madeira revestida com zinco.

Entenda porque a tradição começou – e porque Francisco resolveu mudá-la.

O que significam os três caixões?

A tradição dos três caixões já acontece há gerações de Papas, e funciona como uma boneca matriosca: um caixão entra dentro do outro, e cada um deles simboliza algo. O mais interno é o de cipreste, que representa a humildade e a mortalidade. O corpo dos pontífices ficava guardado nesse primeiro caixote, junto de uma cópia da eulogia (discurso sobre ele) proferida no funeral. Além disso, algumas moedas de ouro, prata e cobre representavam quantos anos o Papa tinha servido como bispo de Roma.

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Esse primeiro caixão era embalado com três laços de veludo antes de entrar no caixão de chumbo, que era soldado para proteger o corpo do Papa de possíveis assaltantes ou malfeitores. Gravados no caixão estão o nome do bispo de Roma e as datas de início e fim de seu papado, além de um símbolo de caveira que simboliza morte. Esse caixote resistente serve para preservar o corpo e os pertences enterrados com ele.

O terceiro e último caixão é de preciosa madeira de carvalho, e representa dignidade e força. Esse caixote é fechado com pregos de ouro e carrega um pergaminho com várias conquistas do Papa. Como dá para perceber, é uma tradição luxuosa. Mas Francisco, desde o primeiro dia de seu papado, tentou se afastar dessas tendências e defendeu “uma Igreja pobre com e para os pobres”.

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Os ritos funerais dos Papas são regidos pelo livro Ordo Exsequiarum Romani Pontificis (Rito do Funeral do Pontífice Romano), publicado em 2000. Em 2024, o Papa Francisco fez algumas modificações na obra, acabando com tradições imponentes como os três caixões. “O funeral do pontífice é o de um pastor e discípulo de Cristo, e não o de um poderoso deste mundo”, diz a nova edição do documento.

Francisco deixou seu testamento escrito em 2022. Nele, ele revelava o desejo de ser enterrado na Basílica de Santa Maria Maggiore. É a primeira vez desde 1903 que um Papa é sepultado fora do Vaticano, e Francisco tinha essa vontade por conta de sua devoção à Virgem Maria. Antes de assumir o pontificado, sempre que ele ia a Roma visitava a essa basílica específica para venerar um ícone de Maria.

De acordo com o testamento, seu túmulo deveria ser enterrado no chão e bem simples. Sem decoração específica ou um grande mausoléu, o único desejo do Papa era uma inscrição sobre o chão: Franciscus.

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