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Por que o povo alemão aderiu ao Holocausto?

Pessoas normais não apóiam o massacre de outras pessoas sem pestanejar. A não ser, claro, que tenham muito a ganhar com isso

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h28 - Publicado em 31 Maio 2008, 22h00

Texto Salvador Nogueira

Não é raro encontrar, ao pegar um vôo para Israel, jovens alemães indo fazer trabalho voluntário. Esse é o fardo que eles carregam, de bom grado, depois de tudo que seus avós fizeram, meio século atrás, contra os judeus durante o regime nazista. Até mesmo a primeira-ministra alemã, Angela Merkel, esteve no Parlamento israelense, poucos meses atrás, e voltou a pedir desculpas – mais de 6 décadas depois – pelas atrocidades cometidas durante a 2ª Guerra Mundial.

Que todas aquelas coisas horríveis – confisco de bens, escravização e execução sumária em câmaras de gás – aconteceram, nenhum historiador sério questiona. Mas o que muitos não conseguem entender é o porquê de o povo alemão, em sua maioria, ter apoiado todas as maluquices de seu líder, o austríaco Adolf Hitler. Muitos pesquisadores, talvez porque essa seja a versão mais fácil de encarar, concluíram que a população alemã embarcou na onda simplesmente porque pouco sabia. As pessoas teriam sido convencidas por um esquema de propaganda política eficaz e, na prática, seriam mais vítimas do Partido Nazista.

Mas essa não é a versão do historiador alemão Götz Aly, da Universidade de Frankfurt. Após uma pesquisa minuciosa de documentos, ele concluiu algo muito mais terrível: a população alemã foi francamente favorável a Hitler porque foi “comprada” com agrados dos nazistas.

“Eu considero o regime nazista como uma ditadura a serviço do povo”, diz Aly. “Hitler e seus subordinados cumpriam o papel de demagogos tradicionais, perguntando-se como garantir a satisfação geral e comprando diariamente a aprovação do público ou, ao menos, sua indiferença.” Com os nazistas, a Alemanha saiu de uma crise econômica profunda e voltou a crescer – primeiro confiscando bens de judeus residentes no país, depois passando à exploração do trabalho judaico em regime de escravidão e, finalmente, pilhando os paí-ses conquistados no começo da guerra.

Os custos do conflito nunca chegaram a atingir a maior parte da população alemã. Durante todo o governo de Hitler, de 1933 a 1945, não houve nenhum aumento de impostos sobre a classe trabalhadora. E os soldados na frente de batalha eram encorajados a mandar grandes pacotes – contendo obras de arte, alimentos e objetos de valor – para suas famílias na Alemanha. Diante disso, boa parte do povo alemão parece ter preferido olhar para o lado.

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É possível que nunca possamos afirmar que a hipótese de Aly está correta, mas ela se encaixa assustadoramente no que se sabe sobre a Alemanha nazista.

Seis milhões de judeus é o número mais aceito para a quantidade de pessoas mortas durante o Holocausto.

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Alemães que não foram na onda

Houve quem tentasse ajudar os judeus a escapar do pior

Oskar Schindler (1908-1974)

Imortalizado pelo filme de Steven Spielberg, Schindler foi um industrial alemão que salvou cerca de 1 200 judeus durante o Holocausto, levando-os para trabalhar em fábricas localizadas na Polônia e na atual República Checa.

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Karl Plagge (1897-1957)

Major do Exército alemão e membro do Partido Nazista, Plagge empregou 1 240 judeus – 500 homens, e o restante mulheres e crianças – em trabalhos forçados, dando a eles uma chance maior de sobreviver à aniquilação dos judeus na Lituânia.

Bernhard Lichtenberg (1875-1943)

Padre que rezava publicamente pelo bem-estar dos judeus e protestou contra o programa de eugenia alemão. Condenado à prisão em 1942 e considerado incorrigível, foi enviado para um campo de trabalhos forçados, mas morreu antes.

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Hermann Maas (1877-1970)

Pastor protestante que, no início dos anos 40, ajudou muitos judeus a fugir da Alemanha usando suas conexões para obter vistos. Foi forçado a parar de trabalhar por seu ativismo. Conseguiu sobreviver ao fim da 2ª Guerra Mundial.

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