Sérgio Alcides
Para quem pensa que a “indesejada das gentes” não é problema seu, o sociólogo Norbert Elias faz o papel de estraga-prazeres: “A morte é um problema dos vivos. Os mortos não têm problemas”. Em A Solidão dos Moribundos (Jorge Zahar), ele explica como a mesma civilização que ampliou a expectativa de vida e aliviou tantos padecimentos gerou uma espécie de tabu da morte. Isso levou ao isolamento cada vez maior dos que se aproximam do fim da vida. E é um Elias já octogenário e ainda mais brilhante quem descobre que o tabu é apenas uma defesa contra o medo de morrer.