Razão e espiritualidade
Com o fim das crenças nas grandes ideologias ficou a pergunta: afinal, o que deu errado?
Rodrigo Cavalcante
Parecia que tudo ia dar certo. Em vários momentos do século 20, boa parte dos pensadores ocidentais acreditou que os avanços da ciência e do pensamento racional trariam, enfim, a felicidade. Mas a ressaca de duas guerras mundiais – com direito a Holocausto, bomba atômica e o avanço de regimes totalitários – foi mais que suficiente para provocar aquela sensação de mal-estar generalizado que marcou o pensamento ocidental no final do século passado. Com o fim das crenças nas grandes ideologias ficou a pergunta: afinal, o que deu errado?
Em 1998, o escritor belga Edmond Blattchen resolveu colocar uma pitada de polêmica nesse ardente debate ao entrevistar personalidades para discutir um tema sempre empurrado para baixo do tapete por filósofos e cientistas: o papel da espiritualidade no pensamento moderno. O resultado foi o programa de televisão Nomes de Deuses (transmitido pela TV belga), que agora chegou ao Brasil em oito pequenos e charmosos livros homônimos publicados pela Unesp e Uepa. Como as personalidades entrevistadas vão desde o ateu e filósofo francês André Comte-Sponville até o líder religioso tibetano Dalai Lama, a série termina sendo um curioso e instrutivo apanhado para entender como pensadores, cientistas e religiosos viram o século pasado e quais suas apostas para o futuro.