Sarcófago de Ramsés II é identificado por causa de pequeno detalhe na pedra
15 anos após sua descoberta, arqueólogos conseguem finalmente descobrir quem foi um de seus ocupantes
Em 2009, uma equipe de arqueólogos descobriu no sítio funerario de Abidos, no Egito, um sarcófago que serviu como um recipiente para acomodar o cadáver de dois ocupantes. O segundo foi identificado como o sumo sacerdote da 21ª dinastia Menkheperre, mas o primeiro ocupante rendeu um mistério de 15 anos, até finalmente ser identificado como Ramsés II.
As novas descobertas foram publicadas na revista Revue d’Égyptologie, e mostraram que o achado só foi possível graças a um pequeno e até então irrelevante detalhe presente no sarcófago. Os pesquisadores encontraram pistas examinando um fragmento de granito presente no sarcófago.
Eles analisaram então as inscrições em hieróglifos presentes no fragmento de granito, e descobriram que nele estava gravado um nome bastante conhecido do Egito antigo: o faraó Ramsés II, conhecido em grego como Ozymandias.
“Claramente, este era o sarcófago de um rei. O cartucho data de seu primeiro uso e contém o nome de trono de Ramsés II, Usermaatra. Ele foi o único faraó a usar esse nome durante seu tempo, então isso eliminou qualquer dúvida de que era seu sarcófago”, conta em entrevista à CNN, Frédéric Payraudeau, professor de Egiptologia na Universidade Sorbonne em Paris e um dos autores do estudo.
Ramsés II foi o terceiro faraó da XIX dinastia do Egito e é frequentemente considerado um dos mais poderosos e famosos faraós do antigo Egito. Seu governo foi de 1279 a.C. a 1213 a.C., um período de aproximadamente 66 anos, o que faz dele um dos faraós de mais longo reinado na história egípcia.
Suas grandes campanhas militares e seu interesse em arquitetura o tornou famoso, levando a ordenar a criação de diversas estátuas e monumentos em sua homenagem. Sua múmia pode ser vista no Museu Nacional da Civilização Egípcia no Cairo.
Esse não é, claro, o único sarcófago pertencente a Ramsés II. Em 1881, próximo à cidade de Luxor, ao sul do Egito, outro caixão pertencente ao faraó foi descoberto – e pelo menos a 64 quilômetros onde o novo sarcófago foi encontrado.
“Isso é menos bizarro do que parece, porque sabemos que seu túmulo foi saqueado na antiguidade, talvez dois séculos após sua morte, e ele certamente não é o único rei a ter sido saqueado”, explica Payraudeau.
Como você já está se perguntando, sim, Ramsés II foi enterrado em três sarcófagos diferentes. O primeiro provavelmente era feito de ouro (assim como o de Tutancâmon), mas acabou se perdendo durante um saque. Ambos os sarcófagos estariam dentro de um sarcófago de pedra ainda maior, de onde seria a origem do fragmento de granito descoberto.
“Isso também nos diz quando os faraós começaram a usar mais de um sarcófago de pedra”, complementouPayraudeau. “No tempo de Ramsés I, vemos apenas um, mas o sucessor de Ramsés II já tinha quatro sarcófagos de pedra para fornecer mais resistência aos saques, que estavam se tornando comuns. Era estranho passar de um para quatro diretamente — agora temos dois para quatro, o que é uma progressão mais lógica.”