Texto Eduardo Szklarz
Eles entraram para os livros de história como fundadores da primeira civilização. Os sumérios converteram aldeias de agricultores, fixadas entre os rios Tigre e Eufrates desde 5000 a.C., em cidades-Estado planejadas e bem organizadas. Como a população desses inéditos centros urbanos não parava de crescer, seus líderes acabaram criando um modelo primitivo de monarquia, como forma de centralizar o poder e impor ordem à coletividade. Ergueram muralhas para se proteger das intempéries – tanto as climáticas quanto as representadas por invasores. Mas não se isolaram do resto do mundo. Ao contrário: trataram de fomentar o comércio com povos de outras regiões.
Do planalto iraniano, os sumérios importavam pedras preciosas e semipreciosas. No Líbano, compravam a madeira que virava material de construção, móveis ou veículos de transporte. E buscavam no Cáucaso os metais – cobre, ouro e prata – que seriam transformados numa variedade de artefatos (de armas e ferramentas a jóias e objetos de decoração). As transações comerciais precisavam ser registradas de alguma forma. E foi aí que eles deram um salto espetacular, verdadeiro marco civilizatório: elaboraram os primeiros documentos escritos (leia mais nas págs. 14 e 15).
Zigurate de Ur
A vida na Suméria sempre girou em torno de enormes templos chamados zigurates, construídos para abrigar o deus de cada cidade. O de Ur – dedicado a Nanna, deus da Lua – tinha 3 níveis sobre uma base de aproximadamente 2,4 mil metros quadrados (quase o tamanho de 15 quadras de vôlei colocadas lado a lado).
1. No entorno do zigurate, espalhavamse casas residenciais, prédios comerciais e uma variedade de serviços públicos.
2. O acesso ao templo era feito por 3 grandes rampas que convergiam para uma entrada principal, no segundo nível do templo.
3. Pastores e nômades visitavam o zigurate para vender seus produtos e prestar reverência a Nanna. Em troca, pagavam impostos.
4. O clero tinha propriedades ao redor do templo. Nessas residências especiais trabalhavam servos e escravos estrangeiros.
5. Na parte mais alta da edificação ficava o santuário, considerado uma espécie de portal entre o céu e a terra pelos sumérios.
6. Na base de um dos lados da construção, a cozinha preparava alimentos que serviam de oferendas ao deus protetor da cidade.
Invenção genial
A roda pode ter sido criada pelos sumérios
Ninguém sabe ao certo quem inventou a roda. A representação mais antiga desse revolucionário objeto data de aproximadamente 3500 a.C.: o desenho de uma carroça feito numa placa de argila. Como o artefato arqueológico foi encontrado nas ruínas da cidade de Ur (atual Iraque), é possível que a roda tenha sido inventada pelos sumérios.
3800 a.C.
AMÉRICAS
• Caçadores pintam cenas cotidianas em rochas de Chibiquete, na Colômbia. É a primeira ocorrência de arte rupestre nas Américas.
• Surgem as primeiras vilas de pescadores no litoral do Peru.
EUROPA
• Na Inglaterra, é construída a estrada mais antiga do mundo, “pavimentada” com troncos de carvalho.
3725 a.C.
ÁFRICA E O.MÉDIO
• O prego começa a ser usado na Mesopotâmia.
3650 a.C.
AMÉRICAS
• Índios da América do Norte descobrem a pipoca, e acreditam que o estouro do milho é manifestação da ira dos deuses.
3575 a.C.
EUROPA
• Menires (pedras cravadas no solo) aparecem por toda a Europa com várias funções: demarcação de territórios, por exemplo.
ÁSIA E OCEANIA
• O dravidianismo, forma primitiva de hinduísmo, tornase uma crença largamente praticada no sul da Índia.
3500 a.C.
Primórdios da féO culto aos deuses egípcios e mesopotâmicos da fertilidade
Os primeiros habitantes do Egito e da Mesopotâmia cultuavam a fertilidade. Assim, criaram uma espécie de religião agrária para honrar a “deusa-mãe”, que garantia boas colheitas. Mais tarde, passaram a adorar um deus masculino também: o “princípio fecundador” (foto). E esse casal divino serviria de base para os mitos da criação do mundo de vários povos, como gregos e romanos. Lendas sumérias e egípcias falavam ainda de uma “árvore da vida”, situada num paraíso terrestre – algo parecido com o Jardim do Éden descrito na Bíblia.