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Verde-paris: o pigmento do séc. 19 que começou como moda e virou inseticida

Esse pó cor de esmeralda apareceu em, livros, papéis de parede e até quadros do Van Gogh. Mas começou a matar as pessoas. E assim, descobriu outra vocação.

Por Manuela Mourão
Atualizado em 18 set 2024, 10h02 - Publicado em 18 set 2024, 10h00
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  • Colagem de imagens na cor verde.
     (Luana Pillmann/Getty Images e Wikimedia Commons/Montagem sobre reprodução)

    Em 2 de abril de 1894, Jordan foi buscar um balde d’água no poço da pensão em que morava em Buena Vista, uma cidadezinha de 1,2 mil habitantes no estado de Wisconsin, nos EUA. No fundo do recipiente, percebeu uma borra esverdeada suspeita.

    Calhou que, no dia anterior, um criminoso havia despejado um saco de 1 kg de verde-Paris na água – o que explicava o mal-estar repentino que havia acometido os moradores do casarão no dia anterior.

    O verde-Paris, ou verde de Schweinfurt, foi inventado em 1814 na Alemanha pelos fabricantes de tintas Wilhelm Sattler e Friedrich Russ, e começou sua trajetória como uma inovação promissora na indústria.

    A dupla de inventores buscava um verde mais estável do que o pigmento mais usado até então – o chamado verde de Scheele –, e encontrou um composto químico inorgânico que rapidamente se tornou popular por sua cor intensa e relativa durabilidade.

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    O verde-Paris virou febre: foi amplamente utilizado em pinturas, encadernação de livros e papéis de parede. Artistas famosos do século 19, como Claude Monet, Vincent van Gogh e Paul Gauguin, ficaram encantados com a cor – que era difícil de se replicar misturando outros pigmentos. Livros com capas e lombadas decoradas com o pigmento tornaram-se populares no Ocidente. 

    A lua de mel não durou muito, porém. O acetoarsenito de cobre, como o nome já diz, leva arsênico na receita, que o torna tóxico. O nome “verde-Paris” não se refere à presença da cor nas paredes e pôsteres da capital francesa, e sim ao fato de que ele passou a ser usado como veneno de rato nos esgotos da Cidade-Luz.

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    Mais tarde, descobriu-se que o pó  também era um poderoso inseticida, que foi usado para controlar pragas agrícolas como o besouro da batata e o bicho-da-seda. O pigmento chegou a ser lançado de aviões durante a 2° Guerra Mundial para matar mosquitos e, assim, combater a malária na Itália.

    Ao longo do século 19, a consciência crescente sobre a toxicidade do arsênico – famílias inteiras acabaram mortas por papéis de parede que continham verde-Paris e outros pigmentos com esse elemento – levou a uma queda progressiva no uso de corantes desse tipo, que foram sendo substituídas por alternativas mais seguras.

    Em fevereiro de 2024, bibliotecas na Alemanha começaram a restringir o acesso a livros com capas verde-Paris, monitorando o risco de envenenamento de cada exemplar. Pesquisadores da Universidade de Delaware, nos EUA, também criaram um projeto para identificar e isolar esses livros em bibliotecas ao redor do globo (até maio de 2024, haviam sido identificados 313 volumes). 

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