Vestígios mostram tentativa de sobrevivência à erupção de Pompeia
Arqueólogos investigam os últimos momentos de uma possível família na Casa de Helle e Phrixus, em Pompeia.

Quase 2000 anos depois e arqueólogos continuam desvendando histórias dos últimos momentos de vida dos moradores de Pompeia assim que perceberam a erupção do Monte Vesúvio. Um novo estudo analisa a história de uma casa de quatro moradores, que procuraram abrigo em um dos quartos da habitação e bloquearam a porta com uma cama numa tentativa de impedir uma inundação de rochas vulcânicas.
A casa já era conhecida entre a comunidade da arqueologia: a chamada Casa de Helle e Phrixus ganhou esse nome por abrigar um afresco que retrata os irmãos mitológicos fugindo de sua madrasta em um carneiro alado.
Foi descoberta no século 18, quando escavadores enviados por Carlos III perfuraram a residência em busca de joias e obras de arte, danificando paredes e negligenciando os restos humanos.
Como muitas casas romanas da época, essa possuía um átrio central aberto que servia para ventilação e coleta de água, mas que também facilitou a entrada das rochas vulcânicas durante a erupção, as chamadas lapilli.
Segundo o arqueólogo Gabriel Zuchtriegel, autor do estudo publicado no periódico Scavi di Pompei, a maioria não entendeu o que estava acontecendo e acreditava estar diante do fim do mundo. O local foi rapidamente soterrado por cinzas, que solidificaram e permitiram aos arqueólogos moldar com gesso a forma de móveis de madeira destruídos, como a cama.
Os restos mortais de quatro pessoas da mesma família foram encontrados na sala de jantar, onde provavelmente tentaram uma última fuga antes de serem alcançados pelas pedras vulcânicas, explica Zuchtriegel para o The New York Times.
“A família da Casa de Helle e Phrixus provavelmente morreu quando o chamado fluxo piroclástico, uma avalanche de cinzas quentes e gás tóxico, chegou e partes do edifício desabaram”, disse o autor.

Para os pesquisadores do estudo, os quatro corpos achados pertenciam a uma família que permaneceu no local durante a erupção, possivelmente incluindo pessoas escravizadas que trabalhavam ali. Porém, ainda são necessárias análises de DNA para revelar o grau de parentesco entre os esqueletos.
Além disso, não dá para saber se os indivíduos eram moradores da Casa de Helle e Phrixus ou se apenas buscaram refúgio dentro da casinha.