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Vinho mais antigo do mundo é descoberto em túmulo romano 2.000 anos depois

O vinho espanhol foi encontrado numa urna funerária com alguns temperos adicionais: um anel de ouro e as cinzas de um cidadão de Roma.

Por Eduardo Lima
22 jun 2024, 19h00

Quanto mais antigo, melhor o vinho – pelo menos é o que diz o senso comum. Mas, para envelhecer bem, o vinho precisa estar em uma garrafa com condições de temperatura e umidade controladas. Será que um enófilo toparia apreciar um vinho envelhecido por dois mil anos dentro de um túmulo, misturado com cinzas humanas?

Arqueólogos da Universidade de Córdoba encontraram o vinho mais antigo já descoberto em forma líquida. Esse era um vinho branco, mas dois milênios de reações químicas o deixaram num tom de marrom avermelhado. Ele está misturado às cinzas de um homem romano e a um anel de ouro – o que pode ter trazido um amargor adicional à fórmula.

Os cinco litros de vinho foram encontrados num túmulo romano intocado, em Carmona, no sul da Espanha. O achado arqueológico foi feito enquanto uma família reformava sua casa na cidade, que fica na região de Andaluzia. A bebida é parecida com o xerez, produto típico espanhol, e foi produzida na região.

A descoberta foi publicada no periódico Journal of Archeological Science: Reports.

Alguém provou?

Antes do xerez ancestral da Andaluzia, o vinho mais antigo encontrado em estado líquido era a garrafa Speyer, que foi descoberta na Alemanha em 1967 e datada de aproximadamente 325 d.C.

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Para descobrir se o líquido na urna espanhola era um vinho, os especialistas buscaram por biomarcadores que só seriam encontrados em bebidas alcoólicas vindas da uva. A equipe encontrou sete polifenóis específicos de vinhos ali, confirmando o que era essa bebida.

E para identificar se era um vinho branco ou tinto, os pesquisadores verificaram que não havia ácido siríngico na bebida, um composto que se forma a partir da decomposição do principal componente do vinho tinto. Logo, só podia ser um vinho branco. Isso também se relacionava aos mosaicos romanos da região, que mostram pessoas pisoteando uvas verdes.

É raro que um túmulo romano seja encontrado intocado como esse. Os romanos construíam torres funerárias sobre suas tumbas, chamando a atenção para o morto. Infelizmente, isso também chamou a atenção de ladrões e saqueadores nos séculos seguintes. Já essa sepultura tinha sido escavada na pedra, escondida debaixo da terra.

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O túmulo tinha oito nichos para urnas funerárias. Seis deles continham os recipientes com as cinzas de antigos cidadãos romanos, e dois desses vasos tinham os nomes dos seus mortos inscritos, Hispanae e Senicio.

Além do vinho, no ano passado os arqueólogos também encontraram um frasco de vidro com perfume de patchouli de dois mil anos atrás.

Os arqueólogos que trabalharam na descoberta não provaram o vinho, como contam para o jornal britânico The Guardian. Mas poderiam: o líquido não tem nada de tóxico, de acordo com análise microbiológica. Só não é muito apetitoso pensar no gosto que as cinzas devem ter deixado ali.

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