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A “bitch” e o vilão: eleição americana terá o final mais televisivo da história

Ele foi o astro malvado de um reality show. Ela inspira várias personagens amadas e odiadas de seriados de TV. Com os resultados de ontem, vai ficando claro que o final da novela será o mais intenso e dramático que se poderia esperar. E terá implicações para o mundo todo.

Por Denis Russo Burgierman
Atualizado em 11 mar 2024, 09h34 - Publicado em 16 mar 2016, 12h45

A temporada ainda está no começo, mas ontem ficou claro quais serão os dois principais personagens que se enfrentarão no episódio final. Com as primárias de ontem em cinco dos estados mais importantes dos EUA, ficou praticamente decidido que o cargo mais importante do mundo vai mesmo ser disputado entre dois candidatos tão carregados de simbolismos que parecem mais personagens da TV do que pessoas do mundo real.

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De um lado, a moça forte, privilegiada, nascida rica e linda, que foi estudante brilhante, largou tudo para para ficar à sombra do marido, foi traída por ele, engoliu o orgulho e agora quer chegar ao topo com sua própria luz. Amada por uns, desqualificada como bitch (“vaca”) por outros, Hillary Clinton é a política profissional do mundo real que mais inspira personagens fictícios nas fantásticas séries da TV americana contemporânea: da igualmente loira e ambiciosa Claire Underwood, de House of Cards, à igualmente estudiosa e traída Alicia Florrick, de The Good Wife, mulheres tão poderosas quanto secretamente frágeis.

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No canto oposto, o ultrajante vilão de novela mexicana, com seu impossível topete cor-de-laranja, que esses dias disse num comício que queria “socar a cara” de um opositor. Donald Trump não inspira ninguém nos seriados americanos, que preferem personagens mais sutis, mas foi ele mesmo uma estrela de reality show, fazendo o papel de chefe malvado, a la Gordon Ramsey, que faz os outros chorarem ao esculhambá-los e chamá-los de idiotas. Magnata da breguice, cercado de escândalos, ergue torres espelhadas pelo mundo e twitta provocações contra tudo e todos, incitando à briga e espalhando tensão racial. Apesar de ultrajante, é amado pela sua “espontaneidade”.

Ontem, cinco dos estados mais populosos do país votaram todos ao mesmo tempo, e em quase todos eles as vitórias de Trump, entre os republicanos, e Hillary, entre os democratas, foram tranquilas. Nenhum deles assegurou matematicamente que serão os candidatos de seus partidos – isso leva ainda algumas semanas -, mas ficou quase impossível imaginar um cenário em que não seja essa a disputa final.

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Claro que o que está em jogo na eleição americana vai muito além do que projeta a imagem midiática dos dois personagens. Uma das questões mais cruciais que precisará ser enfrentada é o próprio sistema político, que está sendo questionado dos dois lados. Enquanto Trump fica repetindo a bravata de que ele mesmo paga sua campanha e que por isso não precisa se vender para interesses bilionários, Hillary enfrenta a desconfiança de sua base tradicional de apoio, que nutre suspeitas contra os financiadores de sua campanha, ligados a indústrias como a financeira e a farmacêutica. Qualquer que seja o vencedor, ele vai ter que lidar com uma ampla insatisfação social contra os mecanismos tradicionais de disputar o poder, que tanto os eleitores de direita quanto os de esquerda denunciam como corrupto.

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A outra grande questão que estará em jogo é o quanto o mundo será aberto no futuro. Enquanto Hillary jura que não deportará nenhum imigrante ilegal que não tenha cometido um crime, Trump jura que irá construir um muro separando definitivamente o México dos EUA e que mandará a conta da construção para o governo do México pagar. Nem um nem o outro provavelmente terá condições de cumprir a promessa – nos EUA o presidente não tem tanto poder assim -, mas o discurso hiperbólico dá uma ideia sobre que tipo de futuro nos aguarda com cada um.

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Tudo indica que o grand finale será o mesmo que se esperaria de um seriado, ou um reality show: a redenção da heroína e a derrota do vilão terrível. Hillary indiscutivelmente tem mais cara de alguém que os orgulhosos americanos elegeriam para ser seu presidente. E o frisson que Trump causa, embora ajude a gerar mídia para ele e acabe mobilizando apoiadores, tem o efeito colateral de empolgar os rivais também. Num país onde o voto não é obrigatório, muita gente sairá de casa só para evitar tê-lo como presidente.

Mas vale acompanhar os próximos capítulos dessa novela. Até porque ela provavelmente vai dar várias indicações de como serão as eleições no resto do mundo daqui para a frente. Como bem sabemos, não é só nos EUA que os políticos batem recordes de desconfiança pública, nem é só lá que a insegurança econômica fermenta intolerância e ódio.

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