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“As pessoas não me dão dinheiro porque acham que eu vou gastar com bebida e crack”, disse um morador de rua às inglesas Scarlett Montanaro e Charlotte Cramer, quando elas negaram dar esmola a ele. O homem foi embora, mas a sensação de impotência ficou com as duas amigas.
Na época, elas se perguntaram: e se, em vez de dar dinheiro a quem mora nas ruas, houvesse um jeito de ajudar de forma direta, sem passar por nenhuma instituição de caridade? Foi pensando nisso que, meses depois, as duas abriram a loja digital Crack and Cider, nome que pode ser traduzido como “crack e cidra”, para honrar a bronca que elas levaram do mendigo. Sem fins lucrativos, o site tem como objetivo repassar objetos úteis e de qualidade para quem vive em situação de rua.
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Funciona assim: você entra no site, escolhe um dos 9 kits de produtos criados especialmente para mendigos, compra no cartão e pronto – a coisa é doada direto para pessoas sem teto, sem passar por nenhuma instituição de caridade.
Entre os produtos disponíveis estão coisas como um guarda-chuva de 5 libras (cerca de R$ 20), um kit de inverno (completo com casaco, gorro, luvas, meias, mochila, moletom e guarda-chuva) de 60 libras (R$ 240), uma necessaire para mulheres (com xampu, escova de dente e absorvente) de 12 libras (R$ 48) e até um kit para donos de cachorro, com moletom e uma coleirinha, que custa 25 libras (R$ 100).
A Crack and Cider é a primeira loja virtual do mundo que faz um trabalho direto de caridade. O serviço foi disponibilizado primeiro na cidade natal das duas, Londres, no ano passado – e esse ano, em São Francisco. As duas metrópoles foram escolhidas por causa da grande concentração de sem-teto: São Francisco tem cerca de 6 mil mendigos, e Londres tem quase 8 mil.
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Até agora, parece que está funcionando: em Londres, só no ano passado, a loja vendeu 7 mil itens para os mendigos – no total, foram 5 mil libras (R$ 20 mil) em ajuda para essas pessoas. No futuro, Scarlett e Charlotte pretendem conversar com pessoas do mundo todo que se interessarem em abrir e gerir uma Crack and Cider em seus países – e, segundo elas, alguém em Nova York já se interessou. Ou seja: fé na humanidade que ainda tem coisa boa sendo criada.
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