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Ave rubra

Durante séculos as penas cor-de-sangue do guará enfeitaram os rituais canibais dos índios tupis e maravilharam os europeus. Hoje, o pássaro sobrevive só na Amazônia e - surpresa - na poluída Cubatão, em São Paulo.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h00 - Publicado em 31 ago 1999, 22h00
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  • André Santoro

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    Quando o padre francês Claude d’Abbeville chegou ao Brasil, em 1612, deslumbrou-se com o manto de plumas vermelhas usado pelos índios tupinambás, o acoiave. Na sua História da Missão dos Padres Capuchinhos na Ilha do Maranhão, escreveu: “Os homens da terra usavam o acoiave tecido com as mais belas penas, não para esconder o corpo, mas sim para se mostrarem mais belos em seus festins e solenidades.”

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    A majestade da vestimenta que encantou o franciscano vinha da penugem do guará (Eudocimus ruber), que habitava os manguezais da costa brasileira. Ao contrário das tribos tupinambás e tupiniquins, que foram dizimadas no século XVII, esse parente das garças e das cegonhas não integra a lista atual de espécies ameaçadas de extinção. Mas, hoje, colore uma área menor do país, restrita aos manguezais da região Norte. Há uma exceção: a Baixada de Cubatão, no litoral de São Paulo. Lá um grupo de 600 indivíduos resiste, surpreendentemente, à poluição industrial.

    asantoro@abril.com.br

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    Os tupinambás usavam mantos de penas do guará em festas canibais. Hoje, existem apenas seis desses mantos, em museus europeus. Relatos como o do alemão Hans Staden, que naufragou na costa de São Paulo em 1549 e escreveu Meu Cativeiro entre os Selvagens do Brasil, revelam que naquela época as aves já eram caçadas sistematicamente.

    ELE É O QUE COME

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    A cor do guará vem da alimentação baseada em crustáceos. “Todos os caranguejos carregam caroteno”, explica o ornitólogo Dante Teixeira, do Museu Nacional, no Rio de Janeiro. “Esse pigmento vermelho, absorvido pelas penas, deixa a ave escarlate.” Se o cardápio é alterado, a penugem desbota

    RESISTÊNCIA À POLUIÇÃO

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    O pólo petroquímico de Cubatão beneficiou as aves rubras, mas também pode eliminá-las. “Em 1970, o canal que liga a região ao porto de Santos foi aprofundado”, conta o biólogo Robson Silva e Silva, da empresa Ultrafértil. O lodo lançado nas margens aumentou a oferta de animais que os guarás comem e eles proliferaram. Mas o solo e o ar estão contaminados por gases e substâncias tóxicas. Ninguém sabe até quando eles resistirão

    JARDIM DE PAPOULAS

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    Na Ilha de Marajó, no Pará, os grandes bandos reúnem até 3 000 indivíduos. O ajuntamento é uma tática de defesa contra os predadores naturais – os gambás e os carcarás. Assim que uma ave avista o inimigo, sai voando e as demais a seguem em fuga atabalhoada

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    PROLE ENXUTA

    Cada fêmea põe um ou dois ovos, que são incubados por 29 dias. Os ninhos nem sempre são exclusivos. O espaço pode ser dividido com ovos de outras aves, como garças

    DEDICAÇÃO E ABANDONO

    Os dois filhotes nascem com as penas escuras. Os pais, tanto a fêmea quanto o macho, pouco cuidam dos rebentos. O abandono induz à sobrevivência de apenas um

    ADOLESCÊNCIA FEIOSA

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    Com 1 mês e meio de idade, a plumagem ainda é descolorida. Mas aos 3 meses o guará começa a voar e a caçar no mangues. Uma boa dieta de caranguejos vermelhos muda sua cor

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