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De volta para casa

Os recifes artificiais marinhos são a nova morada do mar. Instalados pelo Instituto Ecoplan, os refúgios de concreto estão atraindo até peixes que, há tempos, não freqüentavam mais o litoral do Paraná

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h03 - Publicado em 30 jun 2003, 22h00
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  • Mariana Lacerda, de Guaratuba, PR

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    Em tupi-guarani, Itajara quer dizer o “dono da pedra”. No litoral brasileiro, o dono da pedra é mais conhecido por mero. De nome científico Ephinephelus itajara, o mero procura abrigo em locas, cantinhos, buracos em recifes. Ao longo dos anos, a destruição de seu hábitat fez com que o mero perdesse sua morada no oceano. Além disso, por ser motivo de orgulho entre pescadores e mergulhadores que trouxessem um desses à superfície, esse peixe hoje integra a lista dos animais ameaçados de extinção no Brasil e, por isso mesmo, sua captura é proibida por lei.

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    Quando o mero voltou a freqüentar pontos do litoral do Paraná, o pessoal do Instituto Ecoplan, uma organização não-governamental em Curitiba, teve a certeza de que o projeto Recifes Artificiais Marinhos (RAM), implantado em 1997, estava dando certo. O RAM provou que era possível recuperar a fauna marinha com a criação de abrigos e refúgios artificiais no oceano. Esses refúgios são estruturas grandes e pesadas de concreto, que chegam a pesar 2 toneladas, e são colocados em pontos estratégicos do mar.

    Em Guaratuba, no Paraná, funciona a pequena fábrica do RAM, onde são construídas as novas casas para os bichos marítimos. Os 2 mil recifes artificiais foram postos entres as ilhas costeiras de Currais e Itacolomis, a fim de estimular a volta da fauna nativa. O litoral paranaense é naturalmente uma área que atiça a pesca predatória feita pela rede de arrasto. Os bem conservados estuários de Guaratuba e Paranaguá e uma corrente de água fria que vem do Oceano Atlântico Sul fazem com que as áreas no entorno das ilhas sejam particularmente fartas. Por isso, a rica fauna dessas regiões foi, ao longo da história, amplamente capturada.

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    O local de instalação dos recifes artificiais não foi, portanto, escolhido à toa. “Já estamos impedindo o arrasto nessa área”, diz o veterinário Fabiano Brusamolin, coordenador do Instituto Ecoplan. Os novos recifes atraíram pouco a pouco as esponjas. Depois chegaram caranguejos, siris e ostras. Vieram os peixes residentes, como badejos e garoupas e, para felicidade de todos, o mero. Foram criados, então, novos pontos para pesca, enquanto os costões das ilhas Currais e Itacolomis se recuperam. “Os recifes artificiais estão atuando como fixadores da sustentabilidade social do Paraná”, afirma Ariel Scheffer, biólogo da Universidade Federal do Paraná que acompanha a formação de ecossistemas em torno dos recifes.

    Com o mero de volta, na dança da cadeia alimentar, fica garantido o rendimento da família de gente como Jacir Manoel dos Santos, de 60 anos, dos quais 52 trabalhando no mar. “Em tanto tempo de pesca, já vi os peixes desaparecerem e agora os vejo voltando para essas águas”, comemora o pescador. Seja bem-vindo ao lar, mero.

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