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Ecobarões: Conheça os milionários que usam suas fortunas para salvar o planeta

Com grandes fortunas, vêm grandes responsabilidades - e, às vezes, grandes sentimentos de culpa. Movido por um ou por outro, um pequeno grupo de milionários percebeu que ter muito dinheiro também pode ajudar a salvar o planeta

Por Karin Hueck
Atualizado em 31 out 2016, 19h00 - Publicado em 3 jan 2011, 22h00

 

Doug Tompkins – Um ambientalista em extinção
Idade – 67
Valor investido – Mais de US$ 25 milhões
País de origem – EUA
Onde salva o planeta – Chile
De hippie a executivo a benfeitor. Doug Tompkins é um milionário americano que sempre teve um pé na natureza. Quando jovem, na década de 1960, passava meses acampando e escalando montanhas em regiões desertas do planeta. Mas, na hora de escolher uma carreira, acabou largando sua paixão para montar um negócio lucrativo. Doug virou o dono de uma imensa cadeia de lojas de roupas, a Esprit, cujas vendas chegaram a US$ 1,2 bilhão anuais, e durante 20 anos dedicou seu tempo a bolar calças jeans e casacos da moda. Foi apenas no fim da década de 1980 que o empresário resolveu repensar sua vida. Doug estava sobrevoando o oeste do Canadá quando avistou uma enorme área de floresta devastada: eram dezenas de quilômetros de troncos caídos e queimados – que dispararam o alarme. “Percebi que produzir roupas fúteis também contribuía para a crise ambiental. Vi que eu fazia parte do problema”, disse. Em 1989, ele vendeu a Esprit por US$ 200 milhões e resolveu fazer parte da solução. Em uma de suas viagens da juventude, Doug havia conhecido a Patagônia – e foi lá que ele resolveu investir seu rico dinheirinho. Comprou quase 3 mil km2 de natureza no Chile e decidiu que aquela região seria intocável daquele dia em diante. Largou aquela vida de perdição, montou sua casa no campo e vive até hoje por lá, reintroduzindo animais na região e abraçando a floresta temperada. Bem à moda antiga.

super.abril.com.br

Ted Turner – O magnata e os bisões
Idade – 72
País de origem – EUA
Onde salva o planeta – EUA
Valor investido – Mais de US$ 1 bilhão
“Se o aquecimento global continuar, a maioria das pessoas vai morrer e quem sobrar vai ser canibal.” A frase não é de um ambientalista radical, mas de um dos empresários mais ricos dos EUA, com uma fortuna estimada em US$ 2 bilhões. Ted Turner herdou uma fábrica de outdoors depois do suicídio do pai, em 1963. Tocou o negócio durante alguns anos e logo começou a investir em canais de TV, até ter uma estranha ideia em 1980: fundar uma emissora que só passasse notícias, 24 horas por dia. A CNN deu tão certo que logo deixou Turner multibilionário. Mas ele não é um multibilionário comum. Logo percebeu que tinha uma veia filantrópica – e que se sentiria mais realizado praticando o bem. E foi aonde nenhum outro homem chegou: comprou 8 mil km2 de terra no interior americano para criar parques estaduais e fez a maior doação individual da história à ONU – US$ 1 bilhão, em 1998. “Já que Deus não vai salvar o mundo, vou eu fazer isso”, teria dito ele certa vez à irmã. E, imbuído desse espírito (vaidosamente humano), resolveu também reintroduzir na natureza animais quase extintos. Começou com o lobo cinzento. Depois vieram ursos, bodes montanheses e trutas. Mas nenhum animal conquistou tanto o coração do velho Ted quanto o bisão. Comprou 3 animais e os criou livremente. Logo, o rebanho cresceu até 50 mil – um décimo dos bisões que existem na Terra. Com tanto boi correndo solto, Turner não teve dúvida: abriu uma cadeia de lanchonetes e transformou seus animais em hambúrguer. Sim, Ted Turner pode ser o maior ambientalista da história – mas, antes de tudo, ele gosta de hambúrguer.

Greg Carr – O rei dos leões
Idade – 51
País de origem – EUA
Onde salva o planeta – Moçambique
Valor investido – US$ 40 milhões
Nos anos 60 e 70, a Gorongosa, uma reserva ambiental em Moçambique, era uma espécie de Disneylândia da África. Celebridades e turistas do mundo inteiro iam para lá para ver zebras, leões e elefantes de perto. A natureza era tão arrebatadora que os portugueses apelidaram o parque de “o lugar onde Noé pousou a arca”. Mas aí veio a independência de Moçambique e, com ela, uma guerra civil de 16 anos que sucateou a região e a transformou em depósito de minas terrestres. Quando Greg Carr visitou a Gorongosa em 2004, o parque estava devastado. Foi o necessário para amolecer o coração desse empresário. Greg Carr é um americano que ficou rico na década de 1980 criando a primeira empresa de correio de voz para telefonia. Durante anos, ele trabalhou em negócios de internet até juntar um bom dinheiro – tanto dinheiro que ele resolveu doar US$ 40 milhões ao parque em Moçambique. Com essa verba, ele não só devolveu animais selvagens à Gorongosa mas também cuida dos povoados que vivem ao redor do parque. Essa, aliás, é a crítica mais recorrente a Greg: “Por que recuperar o parque, se há tanta gente igualmente devastada?” Mas ele rebate: “Não dá para fazer projetos de desenvolvimento humano sem proteger o ambiente”.

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John Forgach – Só o capitalismo salva
Idade – 62
País de origem – Brasil
Onde salva o planeta – Brasil, China, América Latina
Valor investido – Não se aplica
Apesar do nome, John Forgach é brasileiro. Filho de inglesa com húngaro, criado em São Paulo, ele teria tudo para entrar na lista dos empresários mais bem-sucedidos da revista EXAME. Mas acabou aqui na SUPER. John teve um início de carreira brilhante: formou-se em economia em Harvard e foi para a Suíça trabalhar no mercado financeiro. Depois, entrou na compra e venda de petróleo (nem pensava nas consequências do óleo no ambiente) e juntou muito, muito dinheiro. Foi aí que veio o clique – em forma de crise da meia-idade. Enquanto outros milionários investiam em carros e barcos em momentos de crise existencial, John comprou duas araras-azuis. “Foi o que engatilhou tudo”, diz. Primeiro, montou um criadouro de araras para baratear o preço das aves e concorrer com o mercado negro. Depois, montou uma ong para devolver animais silvestres apreendidos à natureza. Mas logo percebeu que o caminho não era esse. “Eu era um ambientalista romântico. Mas entendi que a única maneira de preservar o ambiente era tornando a conservação lucrativa”, diz. John, então, resolveu seguir a lógica do mercado. Abriu um banco (e depois outros) para financiar projetos sustentáveis. Ecoturismo, manejo florestal, energia limpa, reflorestamento, agricultura orgânica: todos esses setores receberam dinheiro do banco de John. “Esse planeta não é nosso e estamos gastando recursos que não são nossos – e isso é amoral”, diz, alarmado.

Para saber mais
Ecobarons
Edward Humes, 2009, Ecco.

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