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Elefantes morrem de medo de abelhas – e isso pode salvá-los

É comum que elefantes invadam fazendas para comer as plantações – e acabem feridos pelos agricultores. Cercas com colmeias podem resolver o problema.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 6 fev 2018, 16h49 - Publicado em 6 fev 2018, 16h48

Não é só você: elefantes têm medo de abelhas, e abanam as enormes orelhas para tentar espantá-las. Os insetos não conseguem penetrar a pele do animal com o ferrão, mas podem machucar partes mais frágeis de seu corpo, como a boca ou os olhos.

Outra coisa que os elefantes têm é fome. É comum que agricultores de subsistência, em geral de países africanos muito pobres, abram a janela de suas casas e encontrem um dos bichos comendo todas as cenouras do quintal na calada da noite. O desfecho geralmente não é legal – muitas dessas pessoas têm armas, ou pagam caçadores para atirar nos animais, se necessário.

A opção é evitar que o elefante entre. E aí as abelhas vêm bem a calhar. Basta pendurar colmeias em todo o perímetro da fazenda para manter o mamífero bem longe dos quitutes. A eficácia do truque é comprovada: neste artigo científico, o grupo de conservacionistas Save the Elephants relata que posicionar uma colmeia a cada 20 metros de cerca reduz a entrada de orelhudos na plantação em 80% – além de fornecer mel que pode ser usado como fonte de renda extra para os proprietários. Como uma cerca abelhuda é cinco vezes mais barata que uma elétrica, a medida está se tornando cada vez mais popular.

Essas descobertas valem para elefantes africanos (Loxodonta africana), mas não se sabia se os elefantes asiáticos (Elephas maximus) também têm aflição dos insetos. A mesma equipe do estudo citado acima – liderada pela bióloga Lucy E. King – foi ao Sri Lanka, um país-ilha no litoral indiano, tentar descobrir. De acordo com o New York Times, os elefantes asiáticos estão dez vezes mais ameaçados de extinção que seus primos da savana.

O experimento foi feito em um parque nacional. Foram testados 120 elefantes asiáticos, divididos em 28 grupos. Quando expostos ao som de abelhas em uma gravação, eles também sentem medo, embora reajam de maneira diferente dos africanos: em vez de balançar a cabeça ou bater as patas para levantar poeira, se afastam lentamente, e esfregam as trombas uns nos outros.

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Foi um sucesso: além dos agricultores de 11 países africanos que já adotam a medida, 4 de países asiáticos entraram na fila. Só no ano passado, 200 proprietários se ofereceram como voluntários para instalar as colmeias.

Tudo lindo: agora, a única ameaça ao sucesso de King é a memória de elefante dos elefantes. No começo, ela tentou usar colmeias falsas, com alto falantes que reproduzem o som dos insetos. Não deu certo. Em dois tempos os animais se tocaram que era um blefe. Não é improvável que, com o tempo, eles também aprendam a desviar das colmeias reais para filar boia. Por enquanto, porém, as plantações – e os orelhudos – estão em paz. 

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