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Lá vem o sol, tchurururu

Com o barateamento da produção, a energia limpa vai desbancar os combustíveis fósseis

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h00 - Publicado em 26 fev 2011, 22h00

Texto Chico Spagnolo

Já faz anos que todo mundo ouve falar das maravilhas da energia solar e da energia eólica – que não poluem, não detonam o ambiente e, de quebra, livram o mundo das disputas no Oriente Médio. Aí você olha ao seu redor e só vê a energia solar ser utilizada em calculadoras de camelô.

O uso restrito sempre foi consequência de um fator central: o preço alto. O ponto é que estamos chegando perto de virar o jogo. Segundo a ong pró-energia solar americana Prometheus Institute, até 2015 a eletricidade gerada pelo Sol vai custar o mesmo – ou até menos – que a produzida por combustíveis fósseis em dois terços do território americano. Hoje, o watt de energia gerado por células solares custa entre US$ 3 e US$ 4, mas esse número deve cair para entre US$ 0,20 e US$ 0,40 – o mesmo preço do watt produzido por petróleo.

Nesse ponto, em que os preços se equivalem, o país terá atingido a paridade tarifária. E é aí que a coisa começa a ficar divertida. Com as energias renováveis se tornando economicamente viáveis, o petróleo começa a perder importância. Em breve, as pessoas poderão ter painéis de captação solar em suas casas e vender eletricidade para as companhias responsáveis. Pode parecer piração, mas isso já rola em alguns lugares do mundo, como a Alemanha – hoje líder disparado da produção de energia solar, com 2 200 gigawatts por hora.

Quando se fala de energias renováveis, o Brasil não chega a estar mal na fita. Em algumas regiões do país, a paridade de preços entre a energia solar e a convencional pode chegar ainda antes do que nos EUA – em 2012 ou 2013. O cálculo é do professor Ricardo Rüther, da UFSC, que estuda energias renováveis.

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Além disso, o país é o 2º maior gerador de energia hidrelétrica do mundo. Graças ao etanol, também é o 3º maior produtor de energia proveniente de biomassa. Mas o país ainda pode crescer muito quando se fala de energias renováveis. Afinal, temos o sol tropical e a brisa do litoral para dar uma forcinha.

+ Ventos brasileiros
Em Osório, no Rio Grande do Sul, fica o Parque Eólico Ventos do Sul, o maior do gênero na América Latina, que produz 425 GW por ano com suas 75 torres – o suficiente para economizar 36 mil toneladas de petróleo. Os ventos brasileiros têm potencial para produzir 10 Itaipus em eletricidade.

+ Ajudando a poupar
Não basta produzir mais energia, tem que economizar também. E é aí que entram as contas de luz inteligentes: países como Alemanha e Canadá estão implementando sistemas de medição de gastos mais detalhados, que ajudam o consumidor a saber que produtos estão gastando mais energia.

Deserto do Saara elétrico
Nas regiões áridas do Norte da África e do Oriente Médio pode estar a solução para dois desafios globais: o subdesenvolvimento dos países da região e a demanda por energia limpa na Europa. Essa é a ideia do Desertec, o maior projeto de energia limpa do mundo, que vai transformar o sol que aquece o deserto em eletricidade para a Europa. A empreitada prevê a instalação de dezenas de usinas solares e a exploração de outras fontes renováveis de energia, além de uma rede de cabos com uma tecnologia que permite a transmissão de eletricidade por milhares de quilômetros. Ao preço de R$ 680 bilhões, o projeto deve produzir, além do suprimento de 15% da energia consumida pelos europeus, um belo empurrão no desenvolvimento. A iniciativa foi lançada oficialmente em julho, com o apoio do governo alemão e o entusiasmo de grandes empresas europeias.

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