O verde que não desbota
Pode ir se acostumando: a preocupação com a sustentabilidade veio para ficar. Um dos motivos é o bom e velho capitalismo, que descobriu que dá para ser ecológico e ganhar grana ao mesmo tempo
Texto Enrique Tordesilhas
A onda de preservação ambiental está nas ruas, nas lojas, na TV, na edição anual verde da SUPER (e de várias revistas do mundo) e até no papo do seu amigo que adora um suco de beterraba biodinâmico. Parece até que é moda. Mas não é. Como você vai ver nas próximas páginas, esse movimento é irreversível e já está afetando a forma como produzimos energia, como nos alimentamos e até como dirigimos.
Pode parecer pouco nobre, mas um dos motivos que está dando força a essa tendência é justamente o dinheiro. Ser verde agora dá lucro. Isso acontece por várias razões, e uma delas é que poupar recursos, além de crucial para preservar o planeta, acaba sendo também uma boa forma de melhorar a produtividade e ganhar uns trocados.
Por exemplo: um fator muito importante quando uma pessoa vai trocar de carro é saber o quanto ele gasta de combustível. Quanto menos consumir, melhor: isso quer dizer que o comprador vai economizar alguns reais a cada vez que abastecer. Em certos casos, chega a ser um bom negócio pagar um pouco mais por um automóvel mais econômico. Ao escolher um veículo que gasta menos, o consumidor acaba ajudando a cuidar do planeta.
O mesmo pensamento está por trás das notas de rodapé abaixo da assinatura do remetente, nos e-mails corporativos. É uma frase geralmente em verde, ao lado do desenho de uma arvorezinha, que diz “Respeite o ambiente, evite imprimir este e-mail” – ou uma variação qualquer. Além de fazer bem para a imagem da firma, a frase dá um pequeno empurrão rumo ao lucro. Isso porque, num mercado competitivo, a única forma de uma companhia ganhar mais é gastando menos. É o famoso corte de custos. Daí, uma redução do número de impressões pode ajudar de fato a engordar os resultados – afinal, grandes empresas costumam ter um exército de impressoras. Resultado: na busca do lucro, a economia de recursos é uma grande aliada.
Os executivos também sacaram que uma postura ecológica ajuda a construir uma boa imagem. Por isso, o “verde” passou a ser uma bandeira estampada em pasta de dentes, classificados de imóveis e até aplicação financeira. Segundo estudo da consultoria de marketing ambiental TerraChoice, realizado em 5 grandes revistas americanas, 10% dos anúncios publicados traziam uma promessa ambiental – contra menos de 2% há 10 anos.
Não é à toa que a Islândia aposta na onda verde para se recuperar da crise financeira. Sustentado por títulos podres, o país viu sua economia desmoronar quando os bancos começaram a falir. Para sair do buraco, a estratégia do país é apostar na economia sustentável, como hotéis em reservas ecológicas e peixes de origem rastreada. Até a cantora Björk entrou na onda, e emprestou seu nome para um fundo de investimentos do banco local Audur Capital. O fundo, que se chama Björk mesmo (juro!), vai aplicar dinheiro em empreendimentos cujas propostas ecológicas sejam capazes de ajudar o país.
Com essa forcinha do capitalismo, soluções sustentáveis para quase tudo começam a pipocar por aí. Confira a seguir algumas das melhores.
A ong americana Environmental Defense Fund ajuda companhias a descobrir como gastar menos energia usando recursos de forma eficiente, o que já rendeu US$ 35 milhões em economia para as empresas,ao mesmo tempo que elas deixaram de emitir 57 mil toneladas de carbono por ano.
UM PROGRAMA GOVERNAMENTAL DE INCENTIVO A TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS AUMENTOU A VENDA DE REFRIGERADORES EM 120% NO JAPÃO.