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Peneira de ozônio

Os buracos na camada de gás que protege a Terra de radiações nocivas do Sol são uma das grandes ameaças ao homem

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h04 - Publicado em 31 ago 2004, 22h00

Karen Gimenez

As medições de ozônio na atmosfera começaram nos anos 50, com o objetivo de conhecer melhor a dinâmica do planeta. No início da década de 80, percebeu-se que a camada desse gás sobre a Antártida estava diminuindo a níveis que exigiam atenção. Em 1985, uma equipe de cientistas britânicos, liderada pelo físico Joseph Farman, anunciou a descoberta de um buraco na camada de ozônio. E a situação não demorou a se agravar: dos 20% de perda inicialmente verificada, havia locais em que, no verão de 1987, até 50% do ozônio sobre a Antártida tenha se dissipado.

Tudo indicava que essa alteração no comportamento da camada de ozônio fora provocada pela ação do homem. A emissão contínua na atmosfera de um conjunto de compostos químicos chamados clorofluorcarbonetos, ou CFCs, destruía as moléculas de ozônio. Descobertos na década de 30, os CFCs vinham sendo usados em embalagens aerossóis, em motores de geladeiras e no processo de fabricação de tintas e solventes, entre outras aplicações industriais. Naquele mesmo ano, foi redigido um documento internacional, o Protocolo de Montreal, em que os países se comprometiam a reduzir gradativamente a emissão de CFCs na atmosfera e buscar tecnologias alternativas para a indústria. Ainda não se tinha noção da real gravidade do problema, e o documento foi firmado por menos de 40 países.

No início da década de 90, uma descoberta foi fundamental para que se tivesse um quadro mais abrangente do que estava acontecendo: cientistas constataram que havia um outro buraco, dessa vez cobrindo toda a superfície do Ártico e se espalhando por áreas de concentração populacional. E logo descobriram mais buracos, menores, principalmente no Hemisfério Sul.

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Com o avanço das pesquisas, os países que se negavam a ratificar o Protocolo de Montreal perderam seus argumentos. Hoje são 180 países signatários do documento, que prevê a proibição total do uso de CFCs e outros gases até 2015. Mesmo assim, a situação é preocupante. Os CFCs têm vida longa e podem levar muitos anos para atingir a camada de ozônio. Se o Protocolo de Montreal for seguido à risca, calcula-se que a camada comece a se recuperar em meados deste século.

O escudo

A barreira invisívelse manteve estável pormilhões de anos

A camada de ozônio é uma espécie de capa protetora da Terra encontrada na atmosfera. Ela filtra os raios ultravioleta, que podem causar doenças nos seres humanos, como o câncer de pele,além de prejudicar toda a biodiversidade do planeta. Se ela não existisse, dificilmente alguma espécie conseguiria sobreviver diretamente exposta à tamanha quantidade de radiação solar. A presença de ozônio se dá a partir de 10 quilômetros da superfície terrestre, mas a maior concentração do gás ocorre entre 20 e 34 quilômetros de distância da crosta, segundo relatório do programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Estável durante milhões de anos, a camada vem diminuindo vertiginosamente e de forma heterogênea nas últimas décadas. Nos locais mais vulneráveis, em que ela tem maior contato com elementos químicos destruidores, são formados os chamados “buracos na camada de ozônio”. Esse fenômeno é dinâmico, varia conforme a temperatura, a emissão de poluentes, as correntes de vento e a localização geográfica. A primavera é a época em que os buracos crescem mais, podendo se retrair nas outras estações. Os pólos são as regiões em que a situação é mais grave.

O impacto da descoberta

Descoberto um imenso buraco na camada de ozônio sobre a Antártida, em 1985, chamou a atenção da comunidade internacional e levou à assinatura do Protocolo de Montreal, que prevê o banimento dos gases que destroem as moléculas de ozônio

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